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Obama apoia general Allen em meio a escândalo

Obama reforçou apoio ao comandante das forças da Otan no Afeganistão, apesar de seu envolvimento no escândalo sexual que levou à renúncia do chefe da CIA, David Petraeus

O general John Allen: um funcionário próximo ao general Allen negou, por sua vez, qualquer vínculo entre John Allen e Jill Kelley (©AFP/Getty Images / Mark Wilson)

O general John Allen: um funcionário próximo ao general Allen negou, por sua vez, qualquer vínculo entre John Allen e Jill Kelley (©AFP/Getty Images / Mark Wilson)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2012 às 21h07.

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apoiou nesta terça-feira o comandante das forças da Otan no Afeganistão, general John Allen, apesar de seu envolvimento no escândalo sexual que levou à renúncia do chefe da CIA, David Petraeus.

"Posso lhes dizer que o presidente tem um elevado conceito do general Allen e dos serviços que tem prestado ao país, como o que realiza no Afeganistão", disse o porta-voz da presidência Jay Carney.

O presidente "tem confiança no general Allen, acredita que está fazendo um excelente trabalho à frente da ISAF (missão internacional no Afeganistão), que dirige desde julho passado.

"O presidente ficou obviamente surpreso quando foi informado da situação de Petraeus. Ele é muito grato ao general Petraeus por seu serviço", revelou Jay Carney.

O general John Allen se tornou alvo de uma investigação depois que o FBI descobriu entre 20.000 e 30.000 páginas de correspondências, em sua maioria e-mails, entre ele e Jill Kelley, figura-chave no escândalo que custou o cargo de Petraeus, renomado general e chefe dos serviços de inteligência dos Estados Unidos.

Segundo um funcionário do departamento de Defesa, a correspondência entre Allen e a mulher em questão pode ser "imprópria", mas não necessariamente envolve uma relação entre as duas pessoas.


Petraeus renunciou abruptamente na semana passada, admitindo uma relação extraconjugal com sua biógrafa Paula Broadwell.

O secretário americano da Defesa, Leon Panetta, admitiu que existe uma "clara possibilidade" de que os e-mails de Allen estejam vinculados ao caso Petraeus.

Panetta destacou em um comunicado que seu Departamento foi informado no domingo pelo FBI sobre o tema, e que o repassou ao Inspetor Geral (IG) do Pentágono para que abrisse uma investigação.

Nesta terça-feira, Obama suspendeu a designação do general John Allen como chefe-supremo da Otan, disse um porta-voz da Casa Branca.

"A pedido do secretário de Defesa, o presidente suspendeu a designação do general Allen (...) à espera da investigação sobre sua conduta pelo IG do Departamento de Defesa", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Tommy Vietor.

Allen permanecerá em Cabul como comandante das forças da Otan enquanto a investigação for realizada, anunciou Panetta, que elogiou seu trabalho neste país e disse que sua liderança havia sido "instrumental" para assegurar o avanço da guerra contra os talibãs.

No entanto, Panetta indicou que pediu à comissão das Forças Armadas do Senado para apurar a designação do sucessor de Allen no Afeganistão, o general Joseph Dunford.

Não está claro sobre quais acusações Allen enfrenta. "É muito cedo para especular sobre o que o IG encontrará", disse o funcionário do departamento de Estado.

"Há preocupação suficiente, razão pela qual acreditamos que era uma medida prudente (...) iniciar uma investigação e notificar o Congresso", acrescentou. "Devemos ver para onde nos levam os fatos neste assunto antes de tirar conclusões de qualquer tipo".


Kelley, uma mulher de 37 anos de Tampa, Flórida (sudeste), havia denunciado ao FBI uma série de e-mails ameaçadores que recebeu neste ano e que, conforme se esclareceu depois, eram provenientes de Broadwell. O FBI posteriormente encontrou mensagens entre Broadwell e Petraeus que revelavam sua relação.

Steve Boylan, amigo próximo e ex-porta-voz de Petraeus, afirmou na segunda-feira à AFP que o general lamentava profundamente sua relação extraconjugal, que começou dois meses depois de assumir a chefia da CIA, em setembro de 2011. O romance terminou há quatro meses, disse.

Agentes do FBI revistaram na noite de segunda-feira a casa de Broadwell, em Charlotte (Carolina do Norte, sudeste), de acordo com o canal de televisão WFMY, filial da rede CBS.

Agentes carregaram caixas e fizeram fotografias do interior da casa da biógrafa e suposta amante de Petraeus, informou o canal.

Broadwell, que escreveu uma biografia autorizada do general de quatro estrelas da reserva, não foi vista desde a renúncia de Petraeus e a explosão do escândalo.

Um vizinho de Broadwell, Ed William, afirmou à WCNC que ela, seu marido Scott e seus dois filhos encontram-se em um local desconhecido, mas estão bem.

O escândalo colocou em alerta a classe política americana, que teme que a segurança nacional do país esteja em perigo pela possibilidade de Broadwell ter acesso a informações confidenciais.

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