O plano de Malala Yousafzai para educar todas as meninas do mundo
Ativista paquistanesa se tornou um símbolo da luta por acesso à educação para meninas mundo afora e irá expandir as atividades do seu projeto para o Brasil
Gabriela Ruic
Publicado em 9 de julho de 2018 às 20h42.
Última atualização em 9 de julho de 2018 às 20h47.
São Paulo - Enquanto o mundo conta com ao menos 130 milhões de meninas fora da sala de aula, os países perdem força econômica, se tornam mais propensos a instabilidades políticas e sociais e suas democracias se enfraquecem. É por isso, diz a ativista paquistanesa e Nobel da Paz em 2014, Malala Yousafzai, que apostar em educá-las e empoderá-las é o melhor e mais sustentável investimento que se pode fazer.
Fundadora do Malala Fund, a jovem que quase perdeu a vida em um ataque de extremistas do Talibã por defender o direito à educação para meninas esteve no Brasil nesta segunda-feira, 9 de julho, num evento sobre educação do banco Itaú que reuniu ativistas e educadores de todo o Brasil.
“Estou aqui por que há 1,5 milhão de meninas fora da escola”, explicou ela, “e quero garantir que todas tenham acesso à educação” continuou ao anunciar a intenção de expandir sua organização, o Malala Fund, para o Brasil. Especialmente focando na região nordeste do país num primeiro momento, a entidade já trabalha em países como Afeganistão, Índia, Nigéria, Paquistão e Síria.
O projeto, cujos detalhes da atividade em território nacional devem ser anunciados nos próximos dias, atua em três frentes: pela rede de ativistas e educadores em nível local, ações de advocacy com autoridades para investimentos e políticas públicas de acesso à educação e com as próprias meninas, amplificando suas vozes, necessidades e preocupações por meio de assembleias e newsletters.
“Espero acordar um dia e ver todas as meninas brasileiras indo para a escola”, disse Malala, “isso é possível se trabalharmos juntos”, pontuou.
Atentado
Impossível desconectar Malala e seu ativismo da sua história de vida. Vítima de um ataque no Paquistão por parte de um grupo de extremistas do Talibã em 2012, a jovem hoje tem 20 anos e vive na Inglaterra desde o atentado.
Perguntada sobre se sente alguma raiva dos homens que tentaram lhe arrancar a vida e calar sua voz, Malala lembra que a maior vingança que poderia ter é justamente a de conseguir atingir o seu objetivo de educar todas as crianças, “os filhos deles, inclusive”.