NICOLÁS MADURO: a decisão sobre o referendo que pode acabar com seu mandato ficou para agosto / Jorge Silva / Reuters
Da Redação
Publicado em 27 de julho de 2016 às 06h44.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h36.
Na Venezuela, nada é tão definitivo que não possa levar uma garfada do governo. Ontem, os eleitores deveriam saber se será, enfim, aberto o referendo que pede a revogação do mandato do presidente Nicolás Maduro. O Conselho Nacional Eleitoral havia se comprometido a dar seu parecer sobre a validação de pelo menos 200.000 assinaturas reunidas pela coligação Mesa de Unidade Democrática (MUD). Mas o prazo foi (novamente) adiado para o dia 1º de agosto.
O governo tem tentado de tudo para provar que houve fraude na coleta das assinaturas. Ontem não foi diferente. O prefeito do distrito de Caracas e liderança do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Jorge Rodríguez, foi até o Conselho Nacional Eleitoral para pedir que a coligação opositora seja considerada ilegal. Rodríguez é o representante escolhido por Maduro para acompanhar o referendo (bem) de perto.
O processo foi iniciado pela oposição em abril, mas até agora não foi aberto, uma vez que Maduro já apresentou mais de 400 recursos para tentar impedir o andamento de sua revogação. O governador do estado de Miranda e líder da oposição, Henrique Capriles, criticou a quebra do prazo, pediu que a presidente do Conselho Nacional Eleitoral o receba nesta quarta-feira para uma conversa, e afirmou à imprensa local que ela está “brincando com a paciência do povo venezuelano”. Uma pesquisa do instituto Venebarómetro aponta que 64% da população votaria para tirar Maduro do poder.
As manobras do governo têm um propósito. Se o referendo for decidido após dezembro, não serão convocadas novas eleições, como quer a oposição. Neste caso, assume o vice. E, na Venezuela de Maduro, o vice é ele quem escolhe, e o nome pode mudar de uma hora para a outra. Neste caso, seria só mudar um bigode por outro.