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Nobel de Medicina vai para dupla que descobriu o microRNA; entenda

Os norte-americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun foram premiados com 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 5,8 milhões)

Nobel de Medicina foi concedido para Victor Ambros e Gary Ruvkun pela descoberta em microRNA. (Steve Jennings/AFP)
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 7 de outubro de 2024 às 08h03.

Última atualização em 7 de outubro de 2024 às 08h04.

Na segunda-feira, 7, o Prêmio Nobel de Medicina foi concedido aVictor Ambros e Gary Ruvkun por suas pesquisas que desvendam a importância dos microRNAsna regulação genética pós-transcricional. A descoberta feita pelos dois pesquisadores revelou que essas pequenas moléculas de RNA têm um papel fundamental na regulação dos genes, processo essencial para o funcionamento das células nos organismos multicelulares, incluindo os seres humanos. As informações são do The New York Times.

Os microRNAs são pequenas sequências de RNA que atuam como reguladores no processo de tradução dos genes em proteínas.Eles são capazes de interferir no processo de expressão gênica, modulando quais genes serão ativados ou silenciados, e dessa forma influenciam a formação e a função das células. Desde que foram identificados, eles trouxeram novas perspectivas para o entendimento do desenvolvimento e da manutenção das células no corpo humano. De acordo com o Comitê do Nobel, o trabalho de Ambros e Ruvkun representa um avanço importante para a biologia e tem implicações significativas para a medicina, em particular para o combate a doenças como câncer, diabetes e doenças autoimunes.

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Descoberta dos microRNAs

A descoberta dos microRNAs revelou uma nova camada de complexidade na regulação dos genes, que é fundamental para distinguir diferentes tipos de células no organismo. Cada célula humana contém o mesmo material genético, mas se diferencia ao ativar ou inativar genes específicos. Esse processo é crucial para o desenvolvimento de tecidos e órgãos e também para a resposta do organismo a diversas condições ambientais. Caso ocorra um desequilíbrio na regulação dos microRNAs, pode-se gerar uma predisposição a várias doenças.

Nos últimos anos, a relevância dos microRNAs para a biomedicina se tornou cada vez mais evidente, à medida que novas pesquisas têm associado essas moléculas a uma variedade de processos patológicos. Em condições como o câncer, por exemplo, certos microRNAs podem estar superexpressos ou suprimidos, contribuindo para o crescimento descontrolado das células. A regulação dos microRNAs oferece, portanto, um caminho promissor para terapias inovadoras, que poderiam corrigir ou modificar esses desequilíbrios na expressão gênica.

A descoberta de Ambros e Ruvkun é considerada uma das maiores contribuições para o entendimento da biologia molecular nos últimos tempos. Ao longo dos anos, outros cientistas também contribuíram para essa linha de pesquisa, explorando o papel dos microRNAs em diferentes contextos biológicos. Atualmente, sabe-se que o genoma humano contém mais de mil microRNAs, cada um com funções específicas e que, juntos, desempenham um papel crucial na regulação da expressão gênica.

Quem são os vencedores?

Victor Ambros e Gary Ruvkun, vencedores do Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, são pesquisadores renomados na área de biologia molecular, cuja carreira e descobertas transformaram o entendimento da regulação gênica. Ambros, formado em biologia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), fez descobertas pioneiras sobre os microRNAs na década de 1990, identificando-os como elementos essenciais na regulação pós-transcricional dos genes. Seu trabalho tem sido fundamental para elucidar como esses pequenos RNAs controlam a expressão gênica em organismos multicelulares, incluindo o ser humano.

Gary Ruvkun, por sua vez, também desenvolveu uma carreira prolífica no estudo da genética e da biologia molecular, com formação pela Universidade de Harvard. Trabalhando de maneira colaborativa, ele e Ambros identificaram que os microRNAs têm o papel crucial de silenciar genes específicos, algo que mudou a maneira como os cientistas compreendem a função gênica e seu impacto na saúde humana. Além disso, Ruvkun conduziu pesquisas sobre os processos evolutivos dos microRNAs, mostrando que eles são conservados em diversas espécies, o que reforça sua importância biológica.

Ambros e Ruvkun são reconhecidos por suas contribuições que vão além do avanço teórico, influenciando diretamente a pesquisa de doenças como o câncer e diabetes. Suas descobertas não apenas ampliaram o conhecimento científico, mas também abriram novas possibilidades para diagnósticos e terapias genéticas. Hoje, os microRNAs são considerados um dos principais alvos para a pesquisa de tratamentos inovadores, consolidando o legado dos dois cientistas como figuras centrais na biologia moderna.

Nobel de 2024

Além do Nobel de Medicina, outras categorias do prêmio serão anunciadas nos próximos dias. Na terça-feira, 8, será entregue o Prêmio Nobel de Física, tradicionalmente atribuído a pesquisas que expandem nosso conhecimento sobre o universo. Já na quarta-feira, 9, será a vez do Prêmio Nobel de Química, enquanto na quinta-feira, 10, será anunciado o vencedor do Nobel de Literatura. O Prêmio Nobel da Paz, que normalmente atrai grande atenção, será entregue na sexta-feira, 11. Por fim, o Prêmio de Ciências Econômicas, criado em memória de Alfred Nobel, será entregue na segunda-feira seguinte, 14.

A concessão do Nobel deste ano destaca mais uma vez a importância de investimentos contínuos na pesquisa básica e na ciência de longo prazo, que busca responder perguntas fundamentais sobre o funcionamento da vida.Conforme avançamos no entendimento da genética e da biologia molecular, torna-se cada vez mais possível desenvolver terapias específicas e tratamentos personalizados para uma variedade de doenças.

O anúncio da premiação pode ser acompanhado por transmissões ao vivo pelo site oficial do Nobel, onde o público poderá ver a cerimônia de entrega dos prêmios e entrevistas com os ganhadores. Esses eventos são uma oportunidade para cientistas de todo o mundo compartilharem suas descobertas e refletirem sobre o futuro da ciência e da medicina.

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