Níveis globais de CO2 na atmosfera bateram recorde em 2016
Aumento rápido dos gases de efeito estufa pode desencadear "graves perturbações ecológicas e econômicas", alerta Organização Meteorológica Mundial
Vanessa Barbosa
Publicado em 30 de outubro de 2017 às 11h54.
Última atualização em 30 de outubro de 2017 às 12h51.
São Paulo - As concentrações de gases efeito estufa na atmosfera bateram recorde no ano passado, sinalizando a necessidade de um esforço radical para atingir as metas estabelecidas pelo acordo climático de Paris e evitar os piores efeitos das mudanças climáticas.
Segundo boletim divulgado nesta segunda-feira pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), os níveis globais de dióxido de carbono (CO2) atingiram 403,3 partes por milhão (ppm) em 2016, ante 400 ppm em 2015.
A organização atribui esse aumento abrupto à combinação entre atividades humanas, como desmatamento e queima de combustíveis fósseis, e o forte fenômeno El Niño registrado naquele ano.
O documento alerta, ainda, que as mudanças no CO2 nunca foram tão rápidas como nos últimos 150 anos. Ao longo dos 800 mil anos antes da era industrial, os níveis de CO2 permaneceram abaixo de 280 ppm.
O CO2 é o gás de efeito estufa mais importante emitido pelas atividades humanas. Ele permanece na atmosfera por centenas de anos. Sua expectativa de vida nos oceanos é ainda maior.
A cada ano, as atividades humanas produzem mais CO2 do que os processos naturais podem absorver. Isso significa que o valor líquido de dióxido de carbono atmosférico nunca diminui. Assim, o acúmulo anual do gás segue subindo. Nos últimos 10 anos, a quantidade de CO2 na atmosfera tem aumentado, em média, 2 partes por milhão por ano.
As concentrações de CO2 são agora 145 por cento superiores as dos níveis pré-industriais (antes de 1750), disse a OMM, acrescentando que o aumento rápido dos níveis atmosféricos de gases de efeito estufa tem o potencial de desencadear "graves perturbações ecológicas e econômicas".
O boletim da OMM vem um dia antes da divulgação de outro relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que avaliará as políticas de redução de emissões implantadas pelos governos até 2030 em relação aos objetivos estabelecidos no Acordo de Paris.