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Negociações sobre programa nuclear do Irã não avançam

As divergências incluem o fato de Teerã considerar seu direito de enriquecer urânio

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif (d), ao lado da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, no início das negociações sobre o programa nuclear do Irã
 (FABRICE COFFRINI/AFP)

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif (d), ao lado da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, no início das negociações sobre o programa nuclear do Irã (FABRICE COFFRINI/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2013 às 06h32.

Teerã - O chefe dos negociadores iranianos declarou nesta quinta-feira, em Genebra, que não houve progresso no segundo dia de tratativas em Genebra sobre o programa nuclear do Irã.

"Não há progressos" sobre os pontos de divergência entre o Irã e o grupo 5+1 (EUA, GB, França, Rússia, China e Alemanha) - disse Abbas Araqchi aos jornalistas iranianos em Genebra, segundo a agência de notícias Mehr.

Araqchi não detalhou o motivo do impasse, mas deu a entender que as divergências incluem o que Teerã considera seu direito de enriquecer urânio.

"Se houver progressos e se as negociações se aproximarem de um consenso, é possível que isso ajude os ministros de Relações Exteriores (do 5+1)" a chegar a um acordo, completou.

Segundo um diplomata europeu, "fizemos progressos, inclusive nas questões fundamentais. Cada vez há menos pontos por resolver, mas os que persistem são, evidentemente, os mais difíceis".

O porta-voz da diplomacia europeia, Michael Mann, citou a "ótima atmosfera" entre os dois principais negociadores, o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif, e a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, que representa as grandes potências reunidas no 5+1.

Ashton "trabalhou tanto que conseguiu aproximar as posições", disse Mann, que falou de uma "jornada de negociações intensas, substanciais e detalhadas".


As negociações têm como base um texto acertado em 9 de novembro, durante a rodada anterior de diálogo em Genebra, também encerrada sem sucesso.

Esse projeto de "acordo provisório" de seis meses - renovável, segundo uma fonte ocidental - prevê uma restrição do programa nuclear de Teerã em troca do alívio limitado das sanções.

Os ocidentais suspeitam das pretensões do governo iraniano de fabricar uma bomba atômica, sob a fachada de um programa nuclear civil. O Irã nega.

Mais cedo, Araqchi destacou a realização de "negociações sérias (...) muito úteis (...) mas admitiu divergências sobre temas sérios" e descartou a conclusão de um acordo ainda nesta quinta.

Entre o direito ao enriquecimento de urânio que uma parte exige e a firmeza da outra, ambas reiteraram suas exigências nesta quinta-feira, antes mesmo do reinício das negociações.

"Nenhum acordo que não inclua o enriquecimento de urânio do início ao fim será aceito", escreveu Araqchi no Twitter. "O princípio de enriquecimento não é negociável, mas podemos falar do volume, do nível e do lugar", completou.


Araqchi advertiu ainda que o Irã deve recuperar a confiança na boa-fé das grandes potências para alcançar um acordo.

"O principal obstáculo é a falta de confiança devido ao que ocorreu na última reunião. Enquanto a confiança não for recuperada, não poderemos prosseguir com negociações construtivas", declarou à rede de televisão pública, referindo-se às mudanças introduzidas pelas grandes potências no rascunho do projeto no último dia da rodada de negociações anterior.

Já o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, declarou em Paris que espera que um acordo sólido seja concluído em Genebra. "Este acordo só será possível sobre uma base de firmeza", insistiu ao falar na televisão pública.

A reação de Israel a essas negociações não demorou a chegar.

Israel nunca permitirá que o Irã obtenha uma bomba atômica, declarou nesta quinta-feira em Moscou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

"Prometo que o Irã não terá uma arma nuclear", disse Netanyahu, depois de denunciar as ameaças do guia supremo iraniano, Ali Khamenei, que declarou na quarta-feira que "Israel está condenado ao desaparecimento".

"O guia supremo iraniano Khamenei disse ontem (quarta-feira): 'morte aos Estados Unidos, morte a Israel', e disse que os judeus 'não são seres humanos'", lembrou Netanyahu, que nunca descartou uma ação militar contra a República Islâmica do Irã.

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