"Não metam o nariz na Venezuela", rebate chanceler
Pressão internacional sobre o país cresceu nos últimos dias após o Supremo da Venezuela revogar, temporariamente, as funções do Legislativo
AFP
Publicado em 10 de abril de 2017 às 07h06.
Última atualização em 10 de abril de 2017 às 07h59.
A ministra venezuelana das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, rejeitou neste domingo (9) as críticas feitas por Brasil, Argentina, Colômbia e México ao governo Nicolás Maduro, em meio a violentas jornadas de manifestações da oposição.
A pressão internacional sobre a Venezuela cresceu nos últimos dias em espaços como a Organização dos Estados Americanos (OEA), a qual se pronunciou sobre a ocorrência de uma "grave alteração" da Constituição, depois que a mais alta instância judiciária do país revogou, temporariamente, as funções do Parlamento.
"Não metam o nariz na Venezuela. Rejeitamos [as críticas], porque, em concerto, promovem a intervenção da Venezuela para simplesmente satisfazer os interesses de Washington e os mandatos que lhes dão dos Estados Unidos", disse a ministra à imprensa estatal.
Em entrevista transmitida pela televisão, o presidente argentino, Mauricio Macri, declarou que a Venezuela "não se qualifica como democracia". Além disso, em nota, pediu a Caracas que permita a Henrique Capriles, politicamente inabilitado por 15 anos, ficar apto para cargos de eleição popular.
A Colômbia também considerou que a sanção a este líder opositor "aumenta a polarização" no país.
"Rejeitamos e protestamos energicamente contra a posição transmitida pela Chancelaria da Colômbia e lhe dizemos: vejam sua própria realidade, onde há violação em massa dos direitos humanos, onde matam líderes camponeses", apontou a ministra Delcy, após se reunir com lideranças sindicais uruguaias.
A chanceler venezuelana também criticou os governos de Brasil e México, considerados os principais promotores do debate sobre a Venezuela em fóruns internacionais como a OEA e o Mercosul.
"Ao México, nós lhe dizemos: vejam sua própria realidade, no lugar de estar, de forma imoral, metendo-se nos assuntos internos da Venezuela", afirmou.
"Como o Brasil, um governo de facto que deu um golpe de Estado contra uma presidenta eleita por mais de 54 milhões de brasileiros pretende dar lições de democracia?", ironizou, referindo-se ao governo Michel Temer.