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Duas nações que puxam o mundo

EUA e China devem, mais uma vez, servir de motor para o crescimento da economia em 2006

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h38.

Até que ponto a economia mundial tem fôlego para continuar se expandindo, depois do desempenho espetacular registrado no ano passado, com taxa de crescimento de 4,7%? Até recentemente, a resposta para essa pergunta não seria animadora. Muitos analistas internacionais chegaram a profetizar uma forte desaceleração dos negócios depois dessa fase de pujança. Diziam que uma onda de crescimento nesse nível não era sustentável por um período longo. As últimas previsões a respeito do assunto, no entanto, apontam para um cenário muito mais otimista. Segundo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado em no vembro, a locomotiva da economia mundial deve continuar correndo, só que num ritmo um pouco menor do que o de 2005. O trabalho do FMI fala num crescimento de 4,3% do PIB global em 2006. "Não deixa de ser também um ótimo resultado, considerando-se que a taxa média dos últimos dez anos foi de 3%", afirma Colin Bradford, pesquisador sênior do Brookings Institution, dos Estados Unidos.

Os motores que vão puxar o crescimento mundial em 2006 são os dois que já realizaram o trabalho neste ano: Estados Unidos e China. A economia americana deve crescer 3,5% em 2006, apenas 0,1% abaixo do registrado em 2005. No caso chinês, as previsões dão conta de que, no mínimo, os asiáticos devem igualar o desempenho de 2005, ou seja, aumento acima de 9% do PIB. Principalmente depois que foi realizada uma ampla revisão nos critérios para o cálculo do PIB-país. Divulgada pelo governo no último dia 20 de dezembro, essa revisão revelou que o setor de serviços é, na verdade, 280 bilhões de dólares maior do que se pensava -- e responde por 40% da economia chinesa. Assim, a China já começa 2006 com um PIB 17% maior, na casa dos 2 trilhões de dólares. A nova conta coloca o país no sexto lugar entre as maiores economias do mundo, à frente da Itália.

Além dos dois motores principais, alguns importantes coadjuvantes apresentam perspectivas favoráveis para o ano que vem. Japão e Alemanha, segunda e terceira maiores economias do mundo, devem finalmente abandonar a estagnação que tomou conta desses países nos últimos anos. Pelo menos, essas são as previsões dos maiores especialistas no assunto. Na Alemanha (que responde por um terço da economia da União Européia), a expansão em 2006 deve ser de 1,6%, o dobro do registrado em 2005. No Japão, o crescimento deve ser de 2%, ante 1,4% no ano passado. São os primeiros frutos de um processo de profunda reestruturação iniciado em 2001, com o objetivo de recuperar a competitividade dessas economias.

Do lado da iniciativa privada, as empresas alemãs e japonesas demonstraram uma capacidade (até então pouco utilizada) de cortar custos e implementar novidades. Uma delas foi a transferência de diversas linhas de produção para a China e o Leste Europeu, locais com mão-de-obra mais barata, que permitiu uma redução nas despesas. No poder público, a batalha vem sendo pela implementação de reformas vitais para a economia. A plataforma comum dos governos de Angela Merkel, a nova chanceler alemã, e do premier japonês Junichiro Koizumi, contempla a promoção de novas privatizações e uma revisão profunda do sistema de bem-estar social, instrumento que acabou encarecendo demais o custo da mão-de-obra nesses países. A recuperação da Alemanha e do Japão interessa a todos os outros países, sobretudo os emergentes que se apóiam nas exportações, como o Brasil. Segundo cálculos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o volume anual de comércio internacional pode subir de 7% para 9,5% caso Alemanha e Japão voltem a crescer de forma vigorosa.

Para que as previsões otimistas a respeito de 2006 se concretizem, entretanto, há alguns desafios a ser vencidos, sobretudo pelas duas grandes locomotivas da economia mundial (veja quadro na pág. 49). No caso dos Estados Unidos, uma explosão nos preços do petróleo ou o estouro da bolha imobiliária podem minar a confiança do consumidor. A economia chinesa também não está livre de percalços. Para continuar crescendo, o país precisa manter o nível de investimentos externos na casa dos 60 bilhões de dólares (em 2005, eles foram de 50 bilhões de dólares). Além disso, uma possível epidemia de gripe aviária poderia colocar em risco a economia global, elevando os gastos com saúde a níveis estratosféricos. "Salvo alguma catástrofe desse porte, 2006 tem tudo para ser um ano excepcional", afirma Eric Werker, professor de economia da Harvard Business School.

(1) Estimativa - Fonte: OCDE
Desafios ao crescimento
Para continuar crescendo, Estados Unidos e China precisam
vencer alguns obstáculos. Conheça os principais
Estados UnidosChina
Déficit em conta corrente de 680 bilhões de dólares
ao ano
Bolha imobiliária em Xangai
Um possível estouro de uma bolha imobiliária Sistema bancário com empréstimos podres
Aumentos no preço do petróleo Necessidade de sustentar os investimentos externos na faixa dos 60 bilhões
de dólares
Sufocante déficit na Seguridade Social. Em 2006, o rombo será
de 600 bilhões de dólares
Controle sobre epidemias como a gripe aviária
Opinião
Jing Huang, pesquisador do Brookings Institution
"A China começa 2006 não somente com um PIB maior,
mas com uma economia muito mais forte e saudável
do que se imaginava. O aumento da participação do setor de serviços deixa o país mais próximo das economias
mais desenvolvidas. A tendência é que o governo chinês use cada vez mais todo o peso da economia
nas negociações com os americanos. Os Estados Unidos terão de lidar com os chineses de igual para igual."
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