Ministra do Peru denuncia possível "golpe de Estado parlamentar"
Mercedes Aráoz afirmou que setor opositor pretende dar "um golpe de Estado parlamentar" com o pedido de impeachment do presidente do país
EFE
Publicado em 16 de março de 2018 às 19h33.
Lima - A presidente do Conselho de Ministros do Peru , Mercedes Aráoz, afirmou nesta sexta-feira que um setor opositor do Congresso pretende dar "um golpe de Estado parlamentar" com o pedido de impeachment do presidente do país, Pedro Pablo Kuczynski, devido as supostas ligações com a construtora Odebrecht .
"Existe a possibilidade de um golpe de Estado parlamentar. Não é porque queiram derrubar só o presidente. Querem derrubar o procurador do país, o Tribunal Constitucional, tomar todo o poder", disse ela.
O pedido de cassação foi colocado por diversas bancadas opositoras no Parlamento e ontem foi acertado um debate com o apoio do partido Força Popular e das bancadas esquerdistas Novo Peru e Frente Ampla, além da Aliança para o Progresso, e os partidos Aprista e Ação Popular.
A primeira-ministra também disse que "é inaceitável terem revelado informação sigilosa" sobre as transferências de dinheiro que Kuczynski fez nos últimos anos ao seu ex-advogado e atual congressista, Gilbert Violeta, e ao seu motorista.
"Parece que têm medo que algo vá acontecer e não ganhem a vacância", expressou Aráoz.
De acordo com um relatório da Unidade de Inteligência Financeira (UIF), Kuczynski transferiu US$ 89.182 a Violeta e mais de US$ 600 mil ao motorista José Luis Bernaola entre 2005 e 2016.
A primeira-ministra afirmou que a comissão parlamentar que investiga a Operação Lava Jato no Peru, que recebeu esse relatório da UIF, está demonstrando "más intenções e uso de informação reservada com fins políticos".
Kuczynski irá depor hoje à Comissão da Lava Jato no palácio de governo sobre a suposta participação nas licitações que a Odebrecht venceu durante o mandato de Alejandro Toledo, que governou de 2001-2006, quando ocupou os cargos de primeiro-ministro e ministro da Economia.
Toledo é investigado por supostamente ter recebido US$ 20 milhões para fazer a Odebrecht vencer as licitações. Já Kuczynski deve responder por supostamente ter se beneficiado com os US$ 782 mil a Odebrecht por trabalhos da sua consultoria Westfield Capital entre 2004 e 2007, enquanto a empresa era administrada pelo empresário chileno Gerardo Sepúlveda.