EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.
O ministra argentina da Economia, Felisa Miceli, renunciou nesta segunda-feira. Seu substituto será o atual secretário da Indústria, Miguel Peirano. Ela sofria pressões para deixar o cargo por não conseguir explicar a origem de 100 mil pesos e 31 mil dólares (no total, cerca de 60 mil dólares) encontrados no dia 4 de junho em uma bolsa no banheiro de seu gabinete no Ministério da Fazenda.
Na manhã de hoje, o procurador federal Guillermo Marijuán havia solicitado à Justiça a abertura de investigação sobre Miceli. Em suas diligências, o procurador rastreou os 100 mil pesos, que tinham a identificação do Banco Central da Argentina e foram sacados de uma financeira chamada Caja de Crédito Cuenca.
Nessa financeira não há registro do nome de Miceli nem de seu irmão, que, segundo a ministra, teria lhe emprestado o dinheiro para a compra de um imóvel. A Justiça também descobriu que seu irmão não havia movimentado essa quantia em nenhuma de suas contas bancárias e nenhum imóvel foi comprado pela ministra.
A renúncia de Miceli ocorre três dias antes de o presidente Néstor Kirchner oficializar a candidatura de sua mulher, Cristina, à presidência do país nas eleições deste ano. Ela é franca favorita nas eleições argentinas apesar do desabastecimento de energia no país vizinho, que deve frear o forte crescimento econômico dos últimos anos. Os candidatos Roberto Lavagna, Elisa Carrió, Ricardo Lopez Murphy e Carlos Menem somam juntos menos de 30% das intenções de voto.
Miceli assumiu o Ministério da Economia após a demissão de Roberto Lavagna. Escolhido ministro pelo antecessor de Kirchner, Eduardo Duhalde, Lavagna permaneceu no cargo após a transição e foi responsável pela bem-sucedida reestruturação da dívida externa argentina, pela estabilização da economia após o fim da paridade peso-dólar e pela liberação gradual dos depósitos bancários que foram congelados em 2001.
Após sucessivos desentendimentos com o presidente Kirchner, Lavagna acabou demitido por defender a revisão de tarifas congeladas e ser contrário ao controle de preços de produtos.