Protesto em Madri contra a austeridade: o alto índice de desemprego afeta mais de uma a cada quatro pessoas em idade ativa e mais da metade dos jovens (Javier Soriano/AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2014 às 07h21.
Madri - Convocadas pelos sindicatos, milhares de pessoas protestaram nesta quinta-feira em Madri e em pelo menos 50 cidades em todo o país contra a austeridade e por uma Europa social, na véspera da manifestação convocada para esta sexta-feira, em Bruxelas.
"Com a chamada austeridade, os únicos que estão sendo deixados sem recursos são os mesmos de sempre, os que já têm pouco", denunciou a funcionária pública aposentada María Cruz Otero, de 67 anos, em Madri.
Junto com ela, milhares de manifestantes tomaram as ruas, atendendo à convocação de cerca de 100 organizações, incluindo os principais sindicatos UGT e CCOO.
Eleito no final de 2011, o governo do conservador Mariano Rajoy se comprometeu, pressionado por seus sócios europeus, a reduzir o déficit do país. Em 2012, Rajoy anunciou um plano de austeridade de 150 bilhões de euros em três anos.
Essa economia se traduziu em cortes em Saúde e em Educação, aumento do IVA e redução ou congelamento dos salários, o que causou uma "perda brutal do poder aquisitivo", acrescentou María Cruz.
Obrigada a pedir à Europa uma ajuda de mais de 40 bilhões para socorrer os bancos, a Espanha deixou a recessão para trás no terceiro trimestre de 2013 com um tímido crescimento.
O governo prevê um crescimento de 1% do PIB em 2014 e de 1,5% em 2015, embora os analistas considerem que seja insuficiente para reduzir o alto índice de desemprego que afeta mais de uma a cada quatro pessoas em idade ativa e mais da metade dos jovens.
Segundo um relatório da ONG Cáritas publicado em 27 de março, mais 1,5 milhão de famílias vive em situação de exclusão social na Espanha (dado de 2013), contra 900 mil em 2007, antes de o país se afundar na crise econômica.