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Mike Pompeo visita Europa em ofensiva diplomática contra Rússia e China

Agenda do secretário de Estado americano inclui redistribuição de tropas em território europeu e guerra comercial contra Pequim

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, participa de entrevista coletiva no Departamento de Estado, em Washington (AFP/AFP)
EY

Ernesto Yoshida

Publicado em 11 de agosto de 2020 às 07h02.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, inicia nesta terça-feira, 11, uma visita de cinco dias a quatro países da Europa Central e Oriental (República Tcheca, Eslovênia, Áustria e Polônia). Um dos objetivos da viagem é discutir a realocação de tropas americanas em território europeu. Outra pauta na agenda é costurar acordos para conter a influência chinesa e russa na região.

A viagem do chefe da diplomacia americana ocorre poucos dias depois de o presidente Donald Trump criticar a Alemanha por não contribuir, segundo ele, com uma parcela justa para a manutenção de tropas americanas em território alemão, ao mesmo tempo em que gasta “bilhões de dólares por ano” para comprar petróleo e gás da Rússia. Herança da Segunda Guerra, os Estados Unidos têm cerca de 63.500 militares na Europa, dos quais pouco mais da metade na Alemanha.

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No fim de julho, Trump afirmou que vai retirar 12.000 militares da Alemanha. Desses, com parte voltando para os EUA e parte transferido para outros países da Otan, a aliança militar criada em 1949 para impedir o avanço soviético. Um acordo entre os países membros da Otan prevê que cada um deles deverá, até 2024, destinar no mínimo 2% do PIB para gastos com defesa. A Alemanha reserva atualmente 1,4% do PIB para defesa militar, e o governo não tem planos de aumentar esse nível antes de 2031.

Ao que parece, a ideia do governo Trump é usar suas tropas como moeda de troca com os aliados. A Polônia é um dos países que esperam receber militares americanos que forem retirados da Alemanha. O ministro da Defesa polonês, Mariusz Blaszczak, disse que os Estados Unidos vão enviar pelo menos 1.000 soldados para a Polônia, uma forte defensora da Otan devido às suas preocupações históricas com a vizinha Rússia. Pompeo visitará a Polônia no sábado, quando o país vai celebrar o 100º aniversário da Batalha de Varsóvia, na qual as forças polonesas derrotaram o Exército Vermelho em 1920, impedindo a instalação de um governo bolchevique no país.

Antes de seguir para Varsóvia, Pompeo passará por Praga e Pilsen, na República Tcheca, por Liubliana, na Eslovênia, e por Viena, na Áustria. O secretário de Estado viajou acompanho de sua mulher, Susan Pompeo, o que gerou críticas da imprensa americana, uma vez que ela não desempenha uma função oficial e vai participar do roteiro do marido num momento em que milhões de americanos estão impedidos de entrar na Europa por causa da pandemia do coronavírus.

Em sua viagem à Europa, Pompeo tentará também angariar aliados na guerra comercial que os Estados Unidos vêm travando com a China. Um dos focos de Pompeo nas reuniões com os líderes europeus será convencê-los a não adquirir a tecnologia de redes 5G da chinesa Huawei. O governo Trump lançou recentemente uma ofensiva pedindo às empresas americanas que removam a tecnologia chinesa “não confiável” de suas redes digitais, sob a alegação de falta de transparência e riscos de espionagem pelo governo de Pequim.

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