México pressiona Trump a manter Nafta pelo bem dos dois países
Mexicanos argumentam que desfazer a integração reduziria as exportações dos EUA e colocando empregos norte-americanos em risco
Reuters
Publicado em 11 de maio de 2017 às 09h00.
Cidade do México - O México fez um apelo ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta-feira, para que mantenha o Tratado de Livre Comércio da América do Norte ( Nafta ), argumentando que desfazer a integração econômica prejudicaria ambas as nações reduzindo as exportações dos EUA e colocando empregos norte-americanos em risco.
Em reação a um decreto presidencial de Trump de 31 de março pedindo uma análise do déficit comercial dos EUA, o México disse que seu superávit comercial com o vizinho rico foi mal compreendido e que o verdadeiro golpe nos empregos de manufatura norte-americanos resultou da filiação da China à Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001.
O déficit dos EUA com o México no ano passado, de 63,2 bilhões de dólares, também refletiu o peso mexicano fraco, que foi afetado pela incerteza a respeito do futuro das relações comerciais bilaterais, de acordo com um documento publicado pela embaixada mexicana em Washington.
"A integração crescente de nossas economias torna o México criticamente importante para a economia dos EUA, não somente como mercado de exportação, mas também como um parceiro na produção", escreveu o diretor do escritório de comércio e do Nafta da embaixada, Kenneth Smith.
O México reagia a um pedido de participação pública do Departamento de Comércio dos EUA enquanto prepara um relatório para Trump a respeito do déficit comercial anual norte-americano de 500 bilhões de dólares. O relatório e os comentários públicos serão enviados a Trump em junho.
O México disse que, sem o Nafta, a tarifa média sobre as exportações mexicanas aos EUA seria de 3,5 por cento, ou cerca de metade da tarifa média sobre exportações em sentido contrário, em função da cláusula de "nação mais favorecida" que se aplicaria de acordo com as regras da OMC.
As relações comerciais entre os dois países se tensionaram devido à promessa repetida de Trump de descartar o Nafta se não conseguir obter termos melhores para os trabalhadores e a indústria de seu país.
Trump citou o déficit comercial com o México como prova de que os EUA saem perdendo no relacionamento, dizendo que os norte-americanos ficariam melhores se as duas nações não tivessem nenhuma relação comercial.
Mas o México afirmou que 75 por cento de suas exportações aos EUA beneficiam os processos de produção do parceiro e que os EUA têm um superávit de 8 bilhões de dólares no setor de serviços.
"Trabalhadores dos dois lados de fronteira trabalham juntos em sua produção de bens para competirem com sucesso nos mercados globais", disse Smith.