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Massacre em Tremseh põe dúvidas em mediação na Síria

A cidade de Tremseh continua cercada pelas tropas governamentais nesta sexta-feira após o massacre realizado ontem

Explosão na Síria: vários grupos opositores sírios voltaram a exaltar suas decepções em relação à resposta internacional (Sana/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2012 às 15h14.

Cairo - O massacre de mais de 200 pessoas na cidade síria de Tremseh, considerado um dos mais sangrentos desde o começo da rebelião no país em 2011, volta a questionar o desempenho da mediação internacional na Síria .

Localizada na província central de Hama, um dos redutos dos opositores ao regime do presidente Bashar al Assad, a cidade de Tremseh continua cercada pelas tropas governamentais nesta sexta-feira após o massacre realizado ontem.

Em declarações à Agência Efe, o ativista Abu Ghazi acusou os "shabiha" (seguidores do regime) pelos assassinatos e ainda confirmou que o Exército sírio começou a ocupar a região nesta quinta, horas antes de bombardeá-la com intensidade.

Posteriormente, as Forças Armadas tomaram as ruas de Tremseh e enfrentaram os rebeldes do Exército Livre Sírio (ELS), que conseguiram abrir vias para que a população pudesse fugir do cerco formado.

O opositor Observatório sírio de Direitos Humanos assinalou, por sua parte, que dezenas de rebeldes morreram nesses ataques, assim como civis.

Os também opositores Comitês Coordenação Local compararam esta forma de atuação com outras operações realizadas pelas forças leais ao regime. Nesta sexta, os comitês também confirmaram a morte de 50 pessoas na repressão de protestos, muitos deles em solidariedade ao ataque registrado em Tremseh.

O ataque realizado na provincia central de Hama também revive o massacre de Houla, realizado no dia 25 de maio, que causou a morte de 165 pessoas, incluindo mulheres e crianças. Na ocasião, a comunidade internacional condenou energicamente a ação, e inúmeros governos ocidentais chegaram a avaliar uma possível expulsão de embaixadores e diplomatas sírios.


Neste sentido, vários grupos opositores sírios voltaram a exaltar suas decepções em relação à resposta internacional, que, por sua vez, não conseguiu evitar o derramamento de sangue no país.

O Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal formação opositora do país e defensora de uma intervenção militar, criticou "o silêncio e a incapacidade" dos principais organismos e das potências, que, segundo o CNS, deixa a população síria desamparada.

"Não espero nada da comunidade internacional porque não cumprem seus deveres", afirmou à Agência Efe o dirigente do CNS Mohammed Sarmini.

Em um tom igualmente duro, a Irmandade Muçulmana aproveitou a ocasião para voltar a criticar a atuação da Rússia e do Irã, aliados de Damasco, e o trabalho do mediador internacional Kofi Annan, que chegou a se reunir nesta semana com Assad e também viajou para Teerã para impulsionar uma solução pacífica ao conflito.

O regime sírio, por sua vez, voltou a responsabilizar os supostos grupos terroristas pelo massacre. Segundo a agência "Sana", dezenas de civis morreram em Tremseh, assim como muitos terroristas e três integrantes das Forças de Segurança Síria.

Situados a poucos quilômetros desta devastada cidade, os observadores da ONU presenciaram o desdobramento de unidades e de helicópteros das forças sírias.

Apesar da missão da ONU ter sido suspensa no dia 16 de junho pela falta de segurança no país, seu chefe, o general Robert Mood, afirmou em Damasco que estão prontos para supervisionar a situação no local assim que o cessar-fogo for garantido.


A missão dos observadores deve ser concluída no final da próxima semana, com exceção de uma nova prorrogação por parte do Conselho de Segurança da ONU. Neste aspecto, Mood defende um plano capaz de atender as aspirações dos sírios e também capaz de ser aceito por ambas as partes.

Aproximadamente 300 observadores da ONU supervisionam há quase três meses a aplicação do plano de paz de Annan, que estipula a cessação da violência, a retirada militar das cidades e o início de um diálogo nacional, entre outros pontos.

Nesta sexta, o mediador, que se encontra em Genebra, também condenou o massacre realizado em Tremseh e acusou o governo sírio de usar armamento pesado nas cidades, mesmo com o compromisso assinado.

"É importante mais do que nunca que os governos com influência exerçam mais efetivamente seus compromissos para assegurar o fim dessa violência", enfatizou Annan.

O Reino Unido, Alemanha e Rússia, entre outros países, também condenaram o massacre em Tremseh e pediram para as autoridades sírias facilitar o esclarecimento dos fatos, exigindo que seus responsáveis respondam por seus atos.

Até agora, a Rússia e a China boicotaram as tentativas de condenar a repressão na Síria diante do Conselho de Segurança. Segundo os dados da ONU, mais de 11 mil pessoas morreram na Síria desde março de 2011, quando explodiu os protestos contra o regime de Bashar al Assad.

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Localizada na província central de Hama, um dos redutos dos opositores ao regime do presidente Bashar al Assad, a cidade de Tremseh continua cercada pelas tropas governamentais nesta sexta-feira após o massacre realizado ontem.

Em declarações à Agência Efe, o ativista Abu Ghazi acusou os "shabiha" (seguidores do regime) pelos assassinatos e ainda confirmou que o Exército sírio começou a ocupar a região nesta quinta, horas antes de bombardeá-la com intensidade.

Posteriormente, as Forças Armadas tomaram as ruas de Tremseh e enfrentaram os rebeldes do Exército Livre Sírio (ELS), que conseguiram abrir vias para que a população pudesse fugir do cerco formado.

O opositor Observatório sírio de Direitos Humanos assinalou, por sua parte, que dezenas de rebeldes morreram nesses ataques, assim como civis.

Os também opositores Comitês Coordenação Local compararam esta forma de atuação com outras operações realizadas pelas forças leais ao regime. Nesta sexta, os comitês também confirmaram a morte de 50 pessoas na repressão de protestos, muitos deles em solidariedade ao ataque registrado em Tremseh.

O ataque realizado na provincia central de Hama também revive o massacre de Houla, realizado no dia 25 de maio, que causou a morte de 165 pessoas, incluindo mulheres e crianças. Na ocasião, a comunidade internacional condenou energicamente a ação, e inúmeros governos ocidentais chegaram a avaliar uma possível expulsão de embaixadores e diplomatas sírios.


Neste sentido, vários grupos opositores sírios voltaram a exaltar suas decepções em relação à resposta internacional, que, por sua vez, não conseguiu evitar o derramamento de sangue no país.

O Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal formação opositora do país e defensora de uma intervenção militar, criticou "o silêncio e a incapacidade" dos principais organismos e das potências, que, segundo o CNS, deixa a população síria desamparada.

"Não espero nada da comunidade internacional porque não cumprem seus deveres", afirmou à Agência Efe o dirigente do CNS Mohammed Sarmini.

Em um tom igualmente duro, a Irmandade Muçulmana aproveitou a ocasião para voltar a criticar a atuação da Rússia e do Irã, aliados de Damasco, e o trabalho do mediador internacional Kofi Annan, que chegou a se reunir nesta semana com Assad e também viajou para Teerã para impulsionar uma solução pacífica ao conflito.

O regime sírio, por sua vez, voltou a responsabilizar os supostos grupos terroristas pelo massacre. Segundo a agência "Sana", dezenas de civis morreram em Tremseh, assim como muitos terroristas e três integrantes das Forças de Segurança Síria.

Situados a poucos quilômetros desta devastada cidade, os observadores da ONU presenciaram o desdobramento de unidades e de helicópteros das forças sírias.

Apesar da missão da ONU ter sido suspensa no dia 16 de junho pela falta de segurança no país, seu chefe, o general Robert Mood, afirmou em Damasco que estão prontos para supervisionar a situação no local assim que o cessar-fogo for garantido.


A missão dos observadores deve ser concluída no final da próxima semana, com exceção de uma nova prorrogação por parte do Conselho de Segurança da ONU. Neste aspecto, Mood defende um plano capaz de atender as aspirações dos sírios e também capaz de ser aceito por ambas as partes.

Aproximadamente 300 observadores da ONU supervisionam há quase três meses a aplicação do plano de paz de Annan, que estipula a cessação da violência, a retirada militar das cidades e o início de um diálogo nacional, entre outros pontos.

Nesta sexta, o mediador, que se encontra em Genebra, também condenou o massacre realizado em Tremseh e acusou o governo sírio de usar armamento pesado nas cidades, mesmo com o compromisso assinado.

"É importante mais do que nunca que os governos com influência exerçam mais efetivamente seus compromissos para assegurar o fim dessa violência", enfatizou Annan.

O Reino Unido, Alemanha e Rússia, entre outros países, também condenaram o massacre em Tremseh e pediram para as autoridades sírias facilitar o esclarecimento dos fatos, exigindo que seus responsáveis respondam por seus atos.

Até agora, a Rússia e a China boicotaram as tentativas de condenar a repressão na Síria diante do Conselho de Segurança. Segundo os dados da ONU, mais de 11 mil pessoas morreram na Síria desde março de 2011, quando explodiu os protestos contra o regime de Bashar al Assad.

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