Manifestantes marcam para domingo novo grande protesto em Hong Kong
Os ativistas criticam um projeto de lei de extradição para a China e o consideram como uma forma para perseguir os opositores políticos
AFP
Publicado em 13 de junho de 2019 às 18h17.
Os organizadores dos protestos em Hong Kong pretendem realizar outra manifestação gigantesca no domingo (16). O anúncio, feito por seus líderes, foi feito nesta quinta-feira (13), um dia depois de violentos confrontos na cidade entre a polícia e os ativistas que criticam um projeto de lei de extradição para a China.
A manifestação programada estabelece uma nova linha de confronto com o governo local, que se negou a retirar da agenda o projeto de lei e conta com o firme apoio da China . Pequim chamou os protestos de "distúrbios".
Os manifestantes temem que a lei abra caminho para perseguir os opositores políticos.
Nesta quinta (13), legisladores americanos dos partidos republicano e democrata apresentaram um projeto de lei que busca reafirmar "o compromisso dos Estados Unidos a favor da democracia, dos direitos humanos e do Estado de direito" em Hong Kong e contra o que consideram um "ataque" à autonomia parcial da ex-colônia britânica por parte de Pequim.
A norma, chamada "lei sobre os direitos humanos e a democracia em Hong Kong", foi apresentado nas duas câmaras do Congresso americano. Ainda não foi marcada uma data para a votação do projeto.
Na quarta-feira (12), milhares de manifestantes vestidos de preto, em sua maioria jovens, lotaram as ruas de Hong Kong para protestar contra o projeto de lei que, segundo os críticos, daria poder a Pequim para perseguir politicamente os opositores.
De acordo com as autoridades, 22 pessoas ficaram feridas, entre policiais e manifestantes, na dispersão caótica do evento.
Os confrontos aconteceram perto do Conselho Legislativo (LegCo, Parlamento), onde o texto seria analisado em segunda leitura. Analistas afirmaram que este foi o maior episódio de violência desde 1997, quando Hong Kong, então colônia britânica, foi devolvida à China.
Dominado por deputados favoráveis ao governo de Pequim, o Parlamento anunciou o adiamento do debate por tempo indeterminado e para "uma data posterior". A sessão sobre o tema estava programada para quarta-feira e provocou os protestos nas ruas.
Nesta quinta, foram registrados alguns protestos esporádicos, incluindo confrontos com a polícia, mas com um número bem menor de pessoas em comparação com a véspera.
Os manifestantes já prometeram seguir com as passeatas. Além do protesto convocado para domingo, anunciaram uma greve para a próxima segunda-feira (17). "Vamos lutar até o fim com a população de Hong Kong", afirmou Jimmy Sham, da Frente Civil de Direitos Humanos (CHRF, na sigla em inglês), o principal grupo de protesto, antes de indicar que solicitou permissão para organizar o ato no fim de semana.
"Quando enfrentamos a ignorância, o desprezo e a repressão, isso apenas nos faz mais fortes, apenas fará ter mais pessoas de Hong Kong", completou.
O CHRF organizou uma passeata gigantesca contra o projeto de lei no domingo passado, com mais de um milhão de pessoas. A frente não consegue controlar os grupos de manifestantes que entram em confronto com a polícia.
A resposta da polícia aos protestos foi criticada por sua "força excessiva", e muitos pediram uma investigação independente.
Hoje, porém, o governo de Pequim voltou a denunciar como "distúrbios" as manifestações da véspera, realizadas em Hong Kong. "Não foi uma manifestação pacífica, e sim distúrbios organizados", afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang. Pequim "condena firmemente" a violência e "apoia a reação" das autoridades de Hong Kong, completou o porta-voz.