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Manifestantes do Sri Lanka encerram ocupações e presidente foge para Singapura

Uma multidão invadiu no fim de semana o palácio presidencial e os protestos obrigaram o chefe de Estado, Gotabaya Rajapaksa, a fugir para as Maldivas

O prédio com o gabinete do primeiro-ministro do Sri Laknka, em Colombo, foi ocupado por manifestantes em 13 de julho de 2022 (AFP/AFP)
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AFP

Publicado em 14 de julho de 2022 às 10h59.

Os manifestantes contrários ao governo do Sri Lanka anunciaram nesta quinta-feira (14) o fim da ocupação dos edifícios públicos, mas prometeram seguir pressionando para que o presidente - que deixou as Maldivas e fugiu para Singapura - renuncie diante da grave crise econômica e política.

Uma multidão invadiu no fim de semana o palácio presidencial e os protestos obrigaram o chefe de Estado, Gotabaya Rajapaksa, a fugir para as Maldivas na quarta-feira, no momento em que os ativistas entravam no escritório do primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe.

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Nesta quinta-feira, o presidente do Sri Lanka deixou as Maldivas em um avião de uma companhia aérea saudita com destino a Singapura.

A população de quase 22 milhões de habitantes da ilha enfrenta escassez de produtos essenciais pela falta de divisas para as importações. Os manifestantes atribuem a crise à péssima gestão de Rajapaksa.

O presidente, sua esposa Ioma e dois guarda-costas foram escoltados até um avião minutos antes da decolagem do aeroporto internacional de Velana, em Malé, capital das Maldivas.

De acordo com fontes das forças de segurança, o presidente permaneceria em Singapura por algum tempo, antes de seguir para os Emirados Árabes Unidos.

Como chefe de Estado, ele goza de imunidade e não pode ser preso. Especula-se que ele fugiu para o exterior antes de renunciar para evitar uma detenção.

Fontes das forças de segurança em Colombo afirmaram que a carta de renúncia já foi preparada e será divulgada após a autorização de Rajapaksa.

Após meses de protestos, os manifestantes invadiram no sábado a residência oficial do presidente e o obrigaram a fugir do país. Nos dias seguintes, o gabinete do primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, também foi invadido.

Mas nesta quinta-feira, um porta-voz dos manifestantes anunciou o fim da ocupação.

"Saímos pacificamente do Palácio Presidencial, da secretaria da presidência e do gabinete do primeiro-ministro com efeito imediato, mas continuaremos com nossa luta", disse.

O premiê, que foi nomeado pelo presidente como chefe de Estado interino em sua ausência, pediu a saída dos manifestantes dos prédios públicos e determinou às forças de segurança a fazer o "necessário para restabelecer a ordem".

Um importante monge budista que apoiou os protestos fez um apelo para que o palácio presidencial de mais de 200 anos fosse devolvido às autoridades, para garantir a conservação das valiosas obras de arte.

"Este edifício é um tesouro nacional e deve ser protegido", disse o monge Omalpe Sobitha. "Uma auditoria adequada deve acontecer a a propriedade deve ser devolvida ao Estado".

Desde a fuga do presidente, o complexo foi aberto ao público e milhares de pessoas passaram pela residência oficial.

O toque de recolher foi suspenso na madrugada de quinta-feira. A polícia informou que um soldado e um agente foram feridos durante confrontos perto do Parlamento.

O principal hospital de Colombo informou que 85 pessoas foram internadas com ferimentos na quarta-feira e que um homem morreu sufocado após inalar gás lacrimogêneo no gabinete do primeiro-ministro.

Vaias e insultos

A imprensa das Maldivas informou que o presidente cingalês foi vaiado e insultado ao chegar ao aeroporto na quarta-feira.

Um grupo organizou um protesto para exigir que o governo local não autorizasse sua presença na ilha.

Antes de seguir para Singapura, ele passou a noite em um hotel de luxo das Maldivas, uma opulência que contrasta com a grande crise vivida por seus compatriotas: 80% dos cingaleses precisam pular uma refeição ao dia devido à catastrófica situação econômica.

O país declarou uma moratória da dívida de 51 bilhões de dólares em abril e está em negociações com o Fundo Monetário Internacional.

A falta de divisas provocou uma escassez de combustível que deixa o país praticamente paralisado.

Fontes diplomáticas afirmam que Rajapaksa deseja obter um visto dos Estados Unidos, mas que as tentativas não deram resultado até o momento porque ele renunciou à cidadania americana em 2019, antes de disputar a presidência.

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