Manifestante é retirado da corte: a inesperada intervenção relegou ao segundo plano o depoimento de Blair (Oli Scarff/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2012 às 13h04.
Londres - Um manifestante interrompeu por alguns momentos nesta segunda-feira o depoimento do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, que foi acusado de crimes de guerra pelo homem, na comissão que investiga em Londres a ética da imprensa em consequência do escândalo dos grampos no tabloide News of the World.
"Este homem deveria ser detido por crimes de guerra", gritou o homem, antes de ser rapidamente retirado da sala.
"O JP Morgan o pagou pela guerra do Iraque seis meses depois deixar o cargo", completou, em referência a sua contratação como assessor do banco americano em 2008.
Blair, primeiro-ministro de 1997 a 2007, sempre defendeu a decisão de enviar o país à guerra, ao lado dos Estados Unidos, do Iraque em 2003. No depoimento, ele chamou as acusações de "totalmente falsas".
Enquanto era retirado da sala, o manifestante se identificou como David Lawley Wakelin, diretor de um documentário antiguerra que tem como título "The Alternative Iraq Enquiry" (O Inquérito Alternativo do Iraque).
A inesperada intervenção relegou ao segundo plano o depoimento de Blair, que defendeu sua "relação de trabalho" com o magnata da imprensa Rupert Murdoch, que viu seu império abalado pelo escândalo no News of the World, uma de suas publicações mais populares até o fechamento em julho do ano passado.
"Descreveria minha relação com ele como de trabalho até que deixei o cargo de primeiro-ministro", disse Blair, que recebeu o apoio de outro influente jornal de Murdoch, o Sun, nas três eleições que disputou.
"Era uma relação de poder", completou.
Questionado sobre o fato de uma das filhas do magnata ser sua afilhada, ele afirmou que não seria padrinho de um dos filhos de Murdoch em função da relação no cargo.
"Depois, eu o conheci mais. Agora é diferente, não é a mesma coisa".
Os vínculos entre Blair e Murdoch começaram quando o ex-premier ainda era líder da oposição e viajou à Austrália para conversar com os diretores do grupo como parte de uma estratégia trabalhista para tentar mudar a tendência de apoio da empresa aos conservadores.
A comissão Leveson, que investiga as relações entre a imprensa e o governo, também destacou nas últimas semanas vínculos estreitos entre o atual governo de David Cameron e dirigentes do grupo de Murdoch.