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Lições de negócios

A Acesita investe em programa de empresa júnior para estudantes do ensino médio. O desafio da siderúrgica é melhorar a qualificação de sua própria mão-de-obra

Demaël, presidente da Acesita (--- [])
DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h26.

Durante cinco meses deste ano, o estudante mineiro Fabiano Ferreira dos Santos, da 3a série do ensino médio do colégio Haydée de Souza Abreu, em Timóteo, a 200 quilômetros de Belo Horizonte, experimentou o gostinho de ser dono de um negócio -- uma pequena fábrica de cestas artesanais. De maio a setembro, sua empresa produziu 80 cestas, faturou 1 200 reais e obteve 43% de lucro líquido. Mais importante que os números, porém, foi a experiência adquirida. Fabiano e outros 24 estudantes do ensino médio participaram de um projeto de empreendedorismo chamado Junior Achievement, patrocinado pela Acesita, uma das maiores siderúrgicas do país. Os jovens aprenderam noções de como criar, estruturar, administrar e até fechar uma empresa. Funcionários voluntários da Acesita de diversas áreas (recursos humanos, qualidade, marketing, finanças e planejamento) atuaram como instrutores. "Como ponto de partida foi ótimo, pois despertou um espírito empreendedor em todos nós", diz Santos. "Quando nos formarmos, não vamos pensar somente em procurar emprego. Quem sabe não seremos empresários?"

A Junior Achievement é uma instituição sem fins lucrativos criada em 1919, nos Estados Unidos, que atua em 112 países para oferecer aos jovens experiência prática em negócios. A Acesita mantém parceria com a Junior Achievement e patrocina o programa de empresa júnior desde 2003. Em Timóteo, onde está instalada a fábrica da empresa, a iniciativa já beneficiou 216 jovens entre 16 e 18 anos. "O mais importante é que esse trabalho mobiliza toda a comunidade, incluindo pais, escolas e voluntários", diz Anfilófio Salles Martins, presidente da Fundação Acesita.

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Única fabricante de aços inoxidáveis da América Latina, a Acesita obteve em 2006 um faturamento recorde de 3,4 bilhões de reais, 10,7% mais que em 2005. Para manter esse bom desempenho, um dos maiores desafios da empresa, que desde 2005 passou a ser controlada pelo grupo europeu ArcelorMittal, é investir na qualificação da mão-de-obra. Cerca de 95% dos 3 000 funcionários da fábrica em Timóteo possuem o ensino médio completo. Porém, na Acesita Energética, empresa controlada que fica no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do estado, somente 50% dos 1 000 funcionários têm esse grau de escolaridade. "A expectativa é chegar ao mesmo nível da fábrica em breve, já que o projeto de educação para funcionários foi implementado há dois anos", diz Rui Santiago, diretor de recursos humanos.

Avaliação de fornecedores
Além da educação formal, a empresa investe em programas específicos de treinamento. Em 2006, funcionários de diferentes áreas passaram por quase 156 000 horas de treinamento, o que significou um investimento de 3,6 milhões de reais. "A educação é a base de sustentação para o crescimento da empresa", diz o francês Jean-Philippe Demaël, presidente da Acesita. Para ele, uma empresa com funcionários qualificados contribui também para a melhoria da qualidade de vida da comunidade em que está inserida -- Timóteo já é a cidade com o quinto melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado.

Engajada em projetos de responsabilidade social e ambiental -- nos quais investiu 7,2 milhões de reais em 2006 --, a Acesita exige a mesma postura de seus parceiros comerciais. Os fornecedores, por exemplo, devem adotar as mesmas práticas dos programas de qualificação dos funcionários e passam por uma auditoria sistemática. O mesmo ocorre com a rede de distribuidores, criada em janeiro deste ano. "Para fazer parte da rede, o distribuidor deve estar afinado com o código de conduta e ética da Acesita", diz Demaël.

Avaliação da empresa
Pontos fortes
- Tem um programa consistente para melhorar a educação dos funcionários e dos estudantes da região onde está instalada.
- Publica um relatório de sustentabilidade, elaborado com a participação dos públicos afetados pelo negócio.
- Utiliza critérios sociais para a seleção e o monitoramento dos fornecedores.
Pontos fracos
- Não tem comitê de sustentabilidade ou responsabilidade social estabelecido formalmente.
- Apolítica de remuneração dos executivos não está atrelada ao desempenho da companhia nas dimensões social e ambiental.
- Não tem meta de redução do consumo de papel nem um programa estruturado sobre esse tema.
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