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Leste turbulento da Ucrânia escapa do controle do governo

Separatistas ocuparam órgãos do governo central em mais cidades da Ucrânia, em novo sinal de que as autoridades de Kiev estão perdendo o controle


	Um homem pró-Rússia armado faz guarda após ocupação de Prefeitura na Ucrânia: homens fortemente armados usavam os mesmos uniformes militares sem insígnia
 (REUTERS/Vasily Fedosenko)

Um homem pró-Rússia armado faz guarda após ocupação de Prefeitura na Ucrânia: homens fortemente armados usavam os mesmos uniformes militares sem insígnia (REUTERS/Vasily Fedosenko)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2014 às 21h46.

Horlinvka - Separatistas pró-Moscou ocuparam órgãos do governo central em mais cidades da Ucrânia nesta quarta-feira, em novo sinal de que as autoridades de Kiev estão perdendo o controle do coração industrial no leste do país, na fronteira com a Rússia.

Homens armados que apareceram ao amanhecer assumiram o controle de edifícios oficiais em Horlivka, cidade de quase 300.000 habitantes, disse um fotógrafo da Reuters. Eles se recusaram a ser fotografados.

Os homens fortemente armados usavam os mesmos uniformes militares sem insígnia, como outros não identificados, chamados de "homens verdes", que se juntaram a manifestantes pró-Rússia com bastões e correntes ao tomarem o controle de cidades do cinturão do aço e do carvão do Donets.

Cerca de 30 separatistas pró-Rússia também se apoderaram de um edifício do conselho municipal em Alchevsk, mais a leste, na região de Luhansk, disse a agência de notícias Interfax-Ucrânia. Eles retiraram a bandeira ucraniana e colocaram uma faixa na cidade e depois permitiram que os funcionários saíssem.

As tentativas de conter a insurgência por parte do governo em Kiev se mostraram muito mal-sucedidas, já que as forças de segurança foram repetidamente sobrepujadas por separatistas. O Ocidente e o novo governo da Ucrânia acusam a Rússia de estar por trás da agitação, o que os russos negam.

Daniel Baer, embaixador norte-americano para a OSCE, entidade do setor de segurança europeia que tem monitores na região, disse a jornalistas em Viena: "Acho que está muito claro que o que está ocorrendo não estaria acontecendo sem a participação da Rússia." Um oficial da polícia em Donetsk, a capital provincial, onde os separatistas declararam a "República Popular de Donetsk", disse que os separatistas também estão no controle da delegacia em Horlivka, depois de terem se apoderado da sede da polícia regional no início de abril.

O assassinato de um vereador de oposição em Horlivka pelos separatistas foi apontado pelo governo em Kiev, na semana passada, como um dos motivos para deslanchar novos esforços para recuperar o controle da região.

As ocupações desta quarta-feira se seguiram à tomada dos principais prédios do governo na terça-feira mais a leste, em Luhansk, capital da província mais oriental da Ucrânia, o que demonstrou o quanto o governo central vem perdendo o controle sobre a região densamente povoada.

"Eles se apoderaram da administração do governo e da polícia", disse o oficial da polícia de Horlivka.

A cidade fica ao norte de Donetsk, capital não oficial de toda a região do Donets, onde separatistas principalmente de língua russa marcaram um referendo sobre a secessão para 11 de maio.

Muitos esperam seguir o exemplo da região ucraniana da Crimeia, que após um referendo foi anexada em março pela Rússia, depois da derrubada em fevereiro do presidente Viktor Yanukovich, apoiado por Moscou, em meio a uma disputa entre o Ocidente e a Rússia sobre a direção estratégica da antiga república soviética.

A região do Donets abriga gigantescas fundições de aço e indústrias pesadas que produzem mais de um terço da produção industrial da Ucrânia.

No início de abril teve início um levante nessa parte do país, mas o governo em Kiev quase não conseguiu reagir por medo de provocar uma invasão de dezenas de milhares de tropas russas concentradas na fronteira.

Muitos oligarcas dos negócios no Donets, de língua russa, apoiavam Yanukovich e exercem grande influência sobre a região.

Nesta quarta-feira, o mais poderoso deles e o homem mais rico da Ucrânia, Rinat Akhmetov, emitiu uma declaração formal dizendo que continua comprometido com seus investimentos e em manter a região como parte da Ucrânia.

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