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Jovens não são leais a Kim, diz desertor norte-coreano em 1ª entrevista

Um ano depois da fuga espetacular, o soldado detalhou a vida sob o regime de Kim Jong-un e falou sobre o clima que sustenta a liderança da família no país

Imagem do momento em que Oh Chong Song deserta da Coreia do Norte para o Sul sob intensos disparos (Twitter/Reprodução)

Gabriela Ruic

Publicado em 19 de novembro de 2018 às 10h42.

Última atualização em 19 de novembro de 2018 às 10h43.

São Paulo - Era novembro de 2017 quando o soldado norte-coreano , Oh Chong Song, 25 anos, foi flagrado desertando para a Coreia do Sul sob intensos disparos de seus colegas. Baleado em torno de cinco vezes, Song foi resgatado por soldados do Sul após atravessar a faixa sul da Zona Desmilitarizada.

Sua primeira lembrança ao perceber que estava no hospital? Ver a bandeira da Coreia do Sul, onde vive atualmente e sob uma nova identidade.

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Um ano depois desse momento dramático, o soldado deu a sua primeira entrevista ao jornal japonês Sankei Shimbum. Nela, detalhou vida sob o regime de Kim Jong-un e relatou o clima no qual a liderança de Kim se sustenta atualmente, especialmente entre os jovens. A entrevista foi repercutida pela rede de notícias CNN e pelo jornal The Guardian.

“80% dos jovens não são leais a Kim”, contou. “É natural não ser leal e não ter interesse, já que o sistema hereditário de transição de poder continua apesar da sua incapacidade em alimentar as pessoas”.

A dinastia Kim, da qual Kim Jong-un faz parte, governa a Coreia do Norte há três gerações. A maior parte da população sempre viveu na extrema pobreza, sob o fantasma da fome, que assombra o país desde o início da década de 90, quando o colapso da União Soviética trouxe impactos severos para o país asiático.

O resultado disso foi uma crise humanitária terrível, na qual 3 milhões de pessoas morreram de fome. Quase três décadas depois, mais de 10 milhões de norte-coreanos estão vivem desnutridos, segundo números atuais da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e em situações de escassez de comida.

Sobre sua fuga espetacular, que foi registrada por câmeras de segurança do lado da Coreia do Sul, Song contou que os homens que atiraram nele no momento em que corria para atravessar a fronteira eram seus amigos. Contudo, disse compreender suas reações. “Se não atirassem em mim, seriam severamente punidos”, disse, “e eu teria feito o mesmo”.

Nascido em uma família bem colocada na sociedade norte-coreana e filho de um Major, o soldado se juntou ao exército em 2014. Se descrevendo como sendo membro da classe alta do país, Song lembrou que “se você não tem dinheiro ou poder, morrerá em uma vala”.

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