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Jornais se dividem sobre caricaturas do Charlie Hebdo

Muitos jornais republicaram caricaturas do Charlie Hebdo para protestar contra o atentado, mas muitos publicaram desenhos próprios menos provocativos

Cartunista do Charlie Hebdo segura uma capa do jornal e que diz "cem chibatadas se você não estiver morto de rir". (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2015 às 17h31.

Copenhague/Londres - Muitos jornais europeus republicaram caricaturas do jornal semanal francês Charlie Hebdo para protestar contra o ataque islâmico que matou jornalistas e policiais em Paris , um atentado considerado um ataque à liberdade de expressão e à tradição de sátira visual no continente.

No entanto, a maior parte das primeiras páginas expressou solidariedade às 12 pessoas mortas no ataque de quarta-feira, publicando os seus próprios desenhos e editoriais, que diferiram dos trabalhos mais provocativos do Charlie Hebdo sobre o Islã .

As linhas editoriais mostraram as diferenças das respostas das publicações ao ataque e levantaram indagações sobre se muitos já não estão se autocensurando devido ao medo de ofender ou, pior, de provocar uma reação islâmica.

Na Dinamarca, onde o Jyllands Posten publicou caricaturas ridicularizando o profeta Maomé em 2005, gerando protestos no mundo muçulmano que resultaram na morte de pelo menos 50 pessoas, quatro jornais estamparam desenhos do semanal francês.

No entanto, o Jyllands Posten, cujos funcionários recebem proteção policial desde a controvérsia, decidiu não publicar os desenhos do Charlie Hebdo.

Na Suécia, onde o artista Lars Vilks mora sob proteção policial desde que o seu desenho do profeta Maomé como cachorro levou a ameaças de morte contra ele, o Expressen republicou o último tuíte do Charlie Hebdo antes do ataque, um desenho debochando do líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi.

"Para muitos será uma conclusão óbvia não chamar a atenção, abafar e evitar as emoções fortes”, disse em editorial o periódico dinamarquês Berlingske, que publicou caricaturas do Charlie Hebdo. “Mas não devemos nos amedrontar, pois estaríamos cedendo a uma ameaça inaceitável contra a cultura.”

A primeira página do austríaco Salzburger Nachrichten trouxe uma imagem que consistia num espaço preto, uma caneta no canto e a mensagem: "Como um caricaturista eu tenho sido até agora da opinião de que não há assunto sobre o qual não se pode desenhar. Tenho que admitir que esse incidente trágico que ocorreu em Paris ontem me ensinou o contrário.”

A sátira, que costuma testar os limites do que a sociedade aceita em nome da liberdade de expressão, tem suas raízes na cultura ocidental, passando pelo francês Voltaire no século 18 e, antes dele, na Grécia antiga.

A liberdade para criticar a Igreja Católica na França era vista como uma grande vitória da Revolução Francesa. Contudo, foi o grande avanço da imprensa no século 19 que tornou a caricatura política uma arma na batalha pela opinião pública.

Na França, o diário conservador Le Figaro imprimiu o seu mastro azul em preto, trouxe a manchete “Liberdade assassinada”, mas não republicou os desenhos. O comunista L'Humanité publicou a última capa do Charlie Hebdo.

No Reino Unido, alguns jornais estamparam primeiras páginas do Charlie Hebdo, que trazem caricaturas, mas não de forma proeminente, e nenhum desenho em si foi republicado.

Na Alemanha, os jornais de alcance nacional trouxeram imagens dos vídeos com os agressores nas primeira páginas, mas os diários de Berlim publicaram capas do Charlie Hebdo.

Na Itália, o Corriere della Sera dedicou uma página a seis desenhos do Charlie Hebdo. O conservador espanhol La Razón republicou uma capa do jornal semanal francês na primeira página e escreveu: “Somos todos Charlie Hebdo”.

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Copenhague/Londres - Muitos jornais europeus republicaram caricaturas do jornal semanal francês Charlie Hebdo para protestar contra o ataque islâmico que matou jornalistas e policiais em Paris , um atentado considerado um ataque à liberdade de expressão e à tradição de sátira visual no continente.

No entanto, a maior parte das primeiras páginas expressou solidariedade às 12 pessoas mortas no ataque de quarta-feira, publicando os seus próprios desenhos e editoriais, que diferiram dos trabalhos mais provocativos do Charlie Hebdo sobre o Islã .

As linhas editoriais mostraram as diferenças das respostas das publicações ao ataque e levantaram indagações sobre se muitos já não estão se autocensurando devido ao medo de ofender ou, pior, de provocar uma reação islâmica.

Na Dinamarca, onde o Jyllands Posten publicou caricaturas ridicularizando o profeta Maomé em 2005, gerando protestos no mundo muçulmano que resultaram na morte de pelo menos 50 pessoas, quatro jornais estamparam desenhos do semanal francês.

No entanto, o Jyllands Posten, cujos funcionários recebem proteção policial desde a controvérsia, decidiu não publicar os desenhos do Charlie Hebdo.

Na Suécia, onde o artista Lars Vilks mora sob proteção policial desde que o seu desenho do profeta Maomé como cachorro levou a ameaças de morte contra ele, o Expressen republicou o último tuíte do Charlie Hebdo antes do ataque, um desenho debochando do líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi.

"Para muitos será uma conclusão óbvia não chamar a atenção, abafar e evitar as emoções fortes”, disse em editorial o periódico dinamarquês Berlingske, que publicou caricaturas do Charlie Hebdo. “Mas não devemos nos amedrontar, pois estaríamos cedendo a uma ameaça inaceitável contra a cultura.”

A primeira página do austríaco Salzburger Nachrichten trouxe uma imagem que consistia num espaço preto, uma caneta no canto e a mensagem: "Como um caricaturista eu tenho sido até agora da opinião de que não há assunto sobre o qual não se pode desenhar. Tenho que admitir que esse incidente trágico que ocorreu em Paris ontem me ensinou o contrário.”

A sátira, que costuma testar os limites do que a sociedade aceita em nome da liberdade de expressão, tem suas raízes na cultura ocidental, passando pelo francês Voltaire no século 18 e, antes dele, na Grécia antiga.

A liberdade para criticar a Igreja Católica na França era vista como uma grande vitória da Revolução Francesa. Contudo, foi o grande avanço da imprensa no século 19 que tornou a caricatura política uma arma na batalha pela opinião pública.

Na França, o diário conservador Le Figaro imprimiu o seu mastro azul em preto, trouxe a manchete “Liberdade assassinada”, mas não republicou os desenhos. O comunista L'Humanité publicou a última capa do Charlie Hebdo.

No Reino Unido, alguns jornais estamparam primeiras páginas do Charlie Hebdo, que trazem caricaturas, mas não de forma proeminente, e nenhum desenho em si foi republicado.

Na Alemanha, os jornais de alcance nacional trouxeram imagens dos vídeos com os agressores nas primeira páginas, mas os diários de Berlim publicaram capas do Charlie Hebdo.

Na Itália, o Corriere della Sera dedicou uma página a seis desenhos do Charlie Hebdo. O conservador espanhol La Razón republicou uma capa do jornal semanal francês na primeira página e escreveu: “Somos todos Charlie Hebdo”.

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