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Inundações por Harvey levam temor de poluição química nos EUA

Quase uma semana depois da passagem da tempestade, socorristas ainda lutam para resgatar as vítimas de inundações sem precedentes

Mulher foge com seu cachorro do Texas após passagem do furacão Harvey (Adrees Latif/Reuters)

Mulher foge com seu cachorro do Texas após passagem do furacão Harvey (Adrees Latif/Reuters)

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AFP

Publicado em 31 de agosto de 2017 às 17h50.

O risco de poluição química foi descartado nesta quinta-feira na área do sul dos Estados Unidos afetada pela tempestade Harvey, após explosões em uma fábrica próxima de Houston, quarta maior cidade do país e epicentro do desastre, onde as inundações começavam a retroceder.

Quase uma semana depois de Harvey atingir a costa americana do Golfo do México como furacão de categoria quatro, socorristas e voluntários ainda lutavam para resgatar as vítimas de inundações sem precedentes, que deixaram pelo menos 33 mortos e bilhões de dólares em danos.

A Casa Branca anunciou nesta quinta-feira que pedirá ao Congresso fundos de emergência para financiar a recuperação de infraestrutura nos estados do Texas e da Louisiana, devastados pela tempestade Harvey, e estabeleceu em 100.000 o número de moradias afetadas.

O governo de Donald Trump "preparará um pedido adicional" de recursos ao Congresso para enfrentar os danos de infraestrutura pública previstos, disse Tom Bossert, assessor de segurança interior da Casa Branca. Segundo estimativas, há "aproximadamente 100.000 moradias afetadas", acrescentou.

O próprio Trump fará sua doação aos esforços de socorro ao Texas e Louisiana.

"Ele [Trump] ofereceu, orgulhosamente, US$ 1 milhão do próprio bolso para ajudar as pessoas do Texas e de Louisiana", disse a jornalistas, em Washington, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.

O vice-presidente Mike Pence visitou o Texas nesta quinta-feira para avaliar a destruição causada ​​pela devastadora tempestade e encontrar-se com as vítimas.

Embora as chuvas comecem a diminuir em Houston, dando algum alívio a seus 2,3 milhões de habitantes, uma preocupante fumaça surgiu após uma série de explosões noturnas em uma usina química inundada em Crosby, 40 quilômetros a nordeste da metrópole.

O grupo francês Arkema, que opera esta fábrica de peróxidos orgânicos usados na elaboração de plásticos e produtos farmacêuticos, já havia alertado deste perigo pelo corte de eletricidade, que impede a adequada refrigeração de materiais "altamente inflamáveis".

Como medida de precaução, as autoridades haviam ordenado a evacuação dos residentes a menos de três quilômetros das instalações.

"Esta fumaça é extremamente perigosa", alertou Brock Long, diretor da Agência Federal de Emergências (FEMA).

Mas a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) descartou até o momento sinais de toxicidade perigosa na fumaça, depois de receber informação de uma aeronave na área. "Não há concentrações preocupantes pelos materiais tóxicos reportados neste momento", informou a agência em um comunicado.

"Ninguém está em perigo"

"Acreditamos junto com as autoridades locais (...) que ninguém está em perigo", disse em entrevista coletiva Richard Rennard, um alto executivo da Arkema.

Ele advertiu que mais incêndios estão previstos em outros oito contêineres que estão na usina. O incêndio da madrugada aconteceu em um contêiner de peróxido orgânico que não pôde ser refrigerado de maneira apropriada.

Rennard explicou que a fumaça provocada por essas reações químicas é "irritante" para os olhos e os pulmões e alertou que aqueles que a tiverem inalado precisam procurar um médico. "A fumaça é nociva, a toxicidade é uma coisa relativa", disse sem dar mais detalhes.

Quinze agentes policiais consultaram em um hospital após inalar as partículas, mas receberam alta, disse Ed Gonzalez, chefe de polícia do condado de Harris, que inclui Houston e Crosby.

Em um refúgio em uma igreja, um residente de Crosby estava preocupado pelos animais que tinha deixado ao deixar sua casa.

"Tive que ir embora por culpa da usina", disse à AFP Lane Averett, de 59 anos. "Tenho um cachorro e três gatos, e um bezerro que não recebem água nem comida, nem nada", explicou.

A leste do local da explosão, as áreas rurais do Texas estavam alagadas, com as cidades de Port Arthur e Beumont especialmente golpeadas.

Brock disse que a FEMA trabalhava com os militares para prover essa área de água, após falas nos sistemas de distribuição.

Danos de US$ 75 bilhões

O estado vizinho da Louisiana também sofreu o impacto da tempestade Harvey, despertando o sofrimento causado pelo furacão Katrina, que deixou 1.800 mortos há 12 anos. Mas Nova Orleans, a cidade mais afetada na época, teve poucas chuvas.

Até agora, partes de Texas registraram mais de 1.270 mm de chuva, enquanto em Louisiana foram 450 mm.

"Muitas áreas realmente verão as águas baixarem" nesta quinta-feira, disse Jeff Linder,meteorologista do departamento de controle de inundações do condado de Harris.

As autoridades esperam que o número de mortos aumente com o recuo das águas, embora acreditem que muitas pessoas consideradas desaparecidas estejam apenas sem acesso a telefone e eletricidade.

Mais de 30.000 pessoas se refugiaram em alberques em todo o Texas, enquanto um enorme centro de convenções de Houston como em pequenas igrejas, segundo a FEMA.

Em Houston, onde foi emitido um toque de recolher noturno para ajudar nos esforços para tentar frear potenciais saques, os dois aeroportos principais operavam de maneira limitada.

O Centro Nacional de Furacões degradou Harvey a tempestade tropical na quarta-feira, mas advertiu que o perigo de inundações persiste no sudeste de Texas e o sudoeste de Luisiana.

Ao menos uma quarta parte do condado de Harris ainda está debaixo d'água.

A empresa Enki Research estimou que o dano de Harvey pode se aproximar entre os 48 bilhões e 75 bilhões de dólares.

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