Inflação de alimentos ameaça recuperação econômica, diz Banco Mundial
Banco Mundial aconselha que responsáveis por programas políticos não regulem excessivamente os mercados de commodities
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2011 às 10h24.
Davos - Altos preços de alimentos impõem uma grande ameaça à estabilidade econômica e social, mas os responsáveis por programas políticos não devem regular excessivamente os mercados de commodities, disse uma autoridade do Banco Mundial nesta quinta-feira.
Ngozi Okonjo-Iweala, diretora geral do banco com sede em Washington, disse que o crescente aumento dos preços de alimentos estão pressionando os mais pobres e contribuindo para instabilidade social.
"Preços mais altos de alimentos e volatilidade são as maiores ameaças para a recuperação da estabilidade econômica e social. Você viu o que aconteceu na Argélia e em outros países recentemente --não há dúvidas de que os preços mais altos e o estresse no padrão de vida têm seu papel", disse Okonjo-Iweala, ex-ministro das finanças da Nigéria.
"Este atingirá com mais força os pobres. Nós não vamos ver preços baixos novamente porque este é um fenômeno de longo prazo... Nós precisamos de mais investimentos na África porque mais de 50 por cento da terra arável no mundo está na África".
A Argélia foi forçada a cortar taxas e tarifas de importação de alguns alimentos após forte aumento da inflação que gerou protestos no país. Mas muito analistas afirmam que a África pode estar em melhor posição que anteriormente para lidar com as pressões de uma aumento de preços nos alimentos.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que falará aos delegados do Fórum Econômico Mundial mais tarde nesta quinta-feira, pediu novas regras para limitar a volatilidade dos preços de commodities, alertando contra os riscos de protestos por conta dos alimentos e fraco crescimento se líderes globals falharem.
Okongo-Iweala disse que uma certa regulação é necessária, especialmente nos principais mercados de commodities.
"Mas nós temos de ser cuidadosos com o excesso de regulação. Nós precisamos de alguma regulação mas não uma mão pesada. Nós temos de desenvolver os mercados de commodities em algumas áreas-chave da África, que permitirão aos fazendeiros se planejarem para o futuro", disse ela à Reuters.