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Nova manifestação em Hong Kong termina com gás lacrimogênio e confrontos

Na véspera, dezenas de milhares de pessoas se manifestaram em Hong Kong para apoiar a polícia e o governo pró-Pequim

Hong Kong: manifestantes exigem a renúncia da chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, e a retirada definitiva do projeto de lei de extradições (Edgar Su/Reuters)
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AFP

Publicado em 21 de julho de 2019 às 13h47.

Última atualização em 21 de julho de 2019 às 15h39.

Hong Kong voltou a ser cenário de violência neste domingo à noite quando a polícia de choque usou gás lacrimogêneo e balas de borracha contra manifestantes, horas depois que alguns lançaram ovos e picharam um prédio do governo chinês.

Segundo os organizadores, 430 mil pessoas marcharam pelas ruas da cidade, no sétimo fim de semana consecutivo de um protesto que parece não ter fim neste território semi-autônomo.

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À noite, a polícia investiu contra manifestantes mascarados usando gás lacrimogêneo e balas de borracha, o que já se tornou um hábito no final dessas gigantescas mobilizações.

Por outro lado, e em um evento sem precedentes, um grupo de simpatizantes do governo, também mascarados, atacou opositores em uma estação de trem, espancando várias pessoas, incluindo jornalistas que transmitiram ao vivo o incidente.

Desde 9 de junho, Hong Kong é palco de imensas manifestações, algumas das quais marcadas de incidentes violentos entre a polícia e manifestantes radicais.

O movimento começou em reação a um projeto de lei, agora suspenso, que autorizava extradições para a China continental.

Os protestos expandiram-se, passando a exigir igualmente que as liberdades democráticas desfrutadas por Hong Kong, incluindo a liberdade de expressão e a independência da justiça, fossem mantidas.

Em teoria, essa ex-colônia britânica, que retornou sob controle chinês em 1997, deveria manter suas liberdades até 2047 graças ao acordo de retrocessão.

"Quando as avós estão na rua, como você pode ficar na frente da televisão?", disse à AFP Anita Poon, de 35 anos, que veio manifestar pela primeira vez.

"O governo não respondeu à voz do povo, e é por isso que vamos continuar manifestando", disse ela.

As autoridades reforçaram a segurança neste centro financeiro internacional.

As barreiras de metal, às vezes usadas como barricadas pelos manifestantes, foram removidas e a sede da polícia foi cercada por barreiras de segurança plásticas cheias de água.

O movimento de contestação tem sido alimentado pelo desaparecimento de editores dissidentes, que reapareceram posteriormente em detenção na China continental, pela desqualificação de opositores e pela prisão de líderes do movimento pró-democracia.

Os manifestantes exigem a renúncia da chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, que tem o apoio de Pequim, bem como a retirada definitiva do projeto de lei de extradições, uma investigação independente sobre a violência policial e a anistia das pessoas presas, entre outras demandas.

Por enquanto, não há sinais de que Lam ou Pequim estejam dispostos a ceder mais do que já fizeram.

Recentemente, o jornal South China Morning Post informou que Pequim prepara um plano para resolver a questão de Hong Kong, segundo fontes governamentais chinesas.

O veículo sugeriu que há pouco interesse em acalmar o descontentamento público e que o projeto estaria voltado para aumentar o apoio a Lam e à polícia.

No sábado, dezenas de milhares de pessoas se manifestaram em Hong Kong para apoiar a polícia e o governo pró-Pequim.

Enquanto ocorria essa demonstração de força do establishment, a polícia de Hong Kong anunciou que havia descoberto uma fábrica improvisada de explosivos de alta potência, juntamente com panfletos pró-independência.

Segundo a polícia, a descoberta ocorreu em um prédio industrial no distrito de Tsuen Wan na noite de sexta-feira. Um homem de 27 anos foi preso.

Neste panorama, poucos enxergam uma solução política para a crise.

Steve Vickers, ex-chefe do Departamento de Investigações Criminais da polícia de Hong Kong e que agora trabalha como consultor, afirmou que a situação deve "piorar" nas próximas semanas.

"A polarização dentro da sociedade de Hong Kong e a grande desconfiança entre os manifestantes e a polícia estão se aprofundando", escreveu ele em uma análise para seus clientes.

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