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Homenagens em funeral de McCain trazem críticas veladas a Trump

Trump não estava presente na cerimônia, depois que a família de McCain deixou claro que ele não foi convidado

Funeral: "Nós nos reunimos aqui para lamentar a morte da grandeza norte-americana", disse sua filha (Chris Wattie/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de setembro de 2018 às 17h12.

A filha de John McCain, senador do Partido Republicano morto na semana passada, colocou o legado de seu pai como um desafio direto ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump .

O discurso ecoou o próprio tom combativo do senador, que foi homenageado também pelos ex-presidentes dos EUA Barack Obama e George W. Bush.

O funeral foi realizado neste sábado na Catedral Nacional de Washington. Bush e Obama apontaram o legado do senador no país e no exterior para falar dos valores da nação, em observações que às vezes pareciam uma clara repreensão a Trump e ao tipo de política que adota.

Obama falou sobre as longas conversas que ele e McCain tiveram no Salão Oval e sobre o entendimento dele de que a segurança e influência dos EUA não vinham da "nossa capacidade de dobrar os outros à nossa vontade", mas de valores universais do Estado de direito e dos direitos humanos.

"Muito da nossa política, nossa vida pública, nosso discurso público pode parecer pequeno, malvado e mesquinho, lastreado em estilo bombástico, insultos, controvérsias falsas e indignação manufaturada", disse Obama.

"É uma política que finge ser corajosa e dura, mas que de fato nasce no medo. John nos chamou a sermos maiores que isso. John nos chamou a sermos melhores que isso."

Bush disse que um dos grandes presentes em sua vida foi se tornar amigo do ex-rival na disputa pela Casa Branca. Ele disse que em anos posteriores os dois recordariam as suas batalhas políticas como ex-jogadores de futebol lembrando do jogo.

Mas principalmente Bush lembrou McCain como um defensor do "povo esquecido" no país e no exterior, cujo legado servirá como lembrete, mesmo em momentos de dúvida, sobre o poder dos EUA como mais do que um lugar físico, mas um "portador de aspirações humanas".

"A voz de John sempre virá como um sussurro sobre nosso ombro - nós somos melhores do que isso, a América é melhor que isso”, disse Bush.

Trump não estava presente na cerimônia, depois que a família de McCain deixou claro que ele não foi convidado.

Mas Meghan McCain fez com que Trump fizesse parte do memorial de outra maneira, criticando o presidente ao mesmo tempo em que elogiava o pai.

"Nós nos reunimos aqui para lamentar a morte da grandeza norte-americana - a coisa real, não a retórica barata de homens que nunca chegarão perto do sacrifício que ele fez de tão de bom grado, nem a apropriação oportunista daqueles que viveram vidas de conforto e privilégio, enquanto ele sofreu e serviu", disse ela. Sob aplausos, ela disse que "a América de John McCain não precisa ser tornada grande novamente porque a América sempre foi grande".

Este foi o último evento público de homenagem a McCain em Washington, onde ele viveu e trabalhou por quatro décadas e parte da procissão funerária de cinco dias de McCain. Ele morreu em 25 de agosto aos 81 anos. Fonte: Associated Press.

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