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Hamid Karzai pede para EUA negociarem com Taleban ou saírem

"Queremos ter confiança de que após a assinatura do acordo de segurança, o Afeganistão não ficará dividido em feudos", afirmou presidente afegão

"Para ferir o psiquê e a alma do povo do Afeganistão, uma grande propaganda está ocorrendo", disse Karzai (Shah Marai/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de janeiro de 2014 às 17h48.

Por Mirwais Harooni CABUL - O presidente afegão, Hamid Karzai, aparentemente endureceu neste sábado sua postura de não assinar um pacto de segurança com Washington, dizendo que os Estados Unidos devem deixar o Afeganistão se não reiniciarem negociações de paz com o Taleban.

"Em troca desse acordo, queremos paz para o povo do Afeganistão. Se não, é melhor que saiam, e nosso país dará o seu próprio jeito", afirmou Karzai em coletiva de imprensa.

O presidente afegão está pressionando por negociações com o Taleban, que ficou no poder de 1996 a 2001. Para ele, elas são cruciais para assegurar que o Afeganistão não fique com um governo central enfraquecido. "Iniciar negociações de paz é uma condição, porque queremos ter confiança de que após a assinatura do acordo de segurança, o Afeganistão não ficará dividido em feudos", acrescentou.

A maioria dos diplomatas concordam que Karzai não deverá assinar o Acordo de Segurança Bilateral (BSA), que permitia alguma presença militar norte-americana no país após o final de 2014, quando a maioria das tropas deve deixar a nação. Além da retomada das negociações de paz com o Taleban, Karzai também está exigindo o fim de todas as operações militares dos EUA em casas e vilarejos afegãos, incluindo ataques com aviões não-tripulados, os chamados drones.

Os EUA ameaçaram retirar todas as suas tropas se um acordo não for assinado em tempo hábil, mas as embaixadas estão examinando soluções alternativas nos bastidores, para permitir que uma missão liderada pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) permaneça.

O tom desafiador de Karzai foi um golpe para os diplomatas ocidentais, que já decidiram que mais discussões com o presidente afegão seriam improdutivas e que o melhor seria esperar seu sucessor ser eleito.

"Quanto mais pessoas falam de assinar o acordo após a eleição, mais irrelevante ele se torna", disse um diplomata. "É triste. Nós talvez teremos que bancar o próximo cara." Mas representantes de alguns países disseram que isso não deixaria tempo suficiente para quem eles se preparem para uma missão pós-2014.

As eleições presidenciais afegãs ocorrerão em 5 de abril, mas demorará semanas para que o sucessor de Karzai assuma o poder se houver segundo turno. Karzai inicialmente concordou com um texto sobre o pacto em novembro, euma assembleia de anciões pediu para que ele assinasse o acordo, mas ele desde então tem se recusado a fazê-lo.

Em seus comentários a repórteres, o presidente do Afeganistão também denunciou o uso de propaganda - parte dela paga pelos EUA - que pede aassinatura do BSA. "Para ferir o psiquê e a alma do povo do Afeganistão, uma grande propaganda está ocorrendo", afirmou Karzai, referindo-se aos anúncios transmitidos por semanas pela imprensa local, mas agora tirados do ar.

"Nenhuma pressão, nenhuma ameaça, nenhuma guerra psicológica pode nos forçar a assinar o BSA. Se eles querem ir embora, que saiam hoje. Nós continuaremos nossas vidas."

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Por Mirwais Harooni CABUL - O presidente afegão, Hamid Karzai, aparentemente endureceu neste sábado sua postura de não assinar um pacto de segurança com Washington, dizendo que os Estados Unidos devem deixar o Afeganistão se não reiniciarem negociações de paz com o Taleban.

"Em troca desse acordo, queremos paz para o povo do Afeganistão. Se não, é melhor que saiam, e nosso país dará o seu próprio jeito", afirmou Karzai em coletiva de imprensa.

O presidente afegão está pressionando por negociações com o Taleban, que ficou no poder de 1996 a 2001. Para ele, elas são cruciais para assegurar que o Afeganistão não fique com um governo central enfraquecido. "Iniciar negociações de paz é uma condição, porque queremos ter confiança de que após a assinatura do acordo de segurança, o Afeganistão não ficará dividido em feudos", acrescentou.

A maioria dos diplomatas concordam que Karzai não deverá assinar o Acordo de Segurança Bilateral (BSA), que permitia alguma presença militar norte-americana no país após o final de 2014, quando a maioria das tropas deve deixar a nação. Além da retomada das negociações de paz com o Taleban, Karzai também está exigindo o fim de todas as operações militares dos EUA em casas e vilarejos afegãos, incluindo ataques com aviões não-tripulados, os chamados drones.

Os EUA ameaçaram retirar todas as suas tropas se um acordo não for assinado em tempo hábil, mas as embaixadas estão examinando soluções alternativas nos bastidores, para permitir que uma missão liderada pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) permaneça.

O tom desafiador de Karzai foi um golpe para os diplomatas ocidentais, que já decidiram que mais discussões com o presidente afegão seriam improdutivas e que o melhor seria esperar seu sucessor ser eleito.

"Quanto mais pessoas falam de assinar o acordo após a eleição, mais irrelevante ele se torna", disse um diplomata. "É triste. Nós talvez teremos que bancar o próximo cara." Mas representantes de alguns países disseram que isso não deixaria tempo suficiente para quem eles se preparem para uma missão pós-2014.

As eleições presidenciais afegãs ocorrerão em 5 de abril, mas demorará semanas para que o sucessor de Karzai assuma o poder se houver segundo turno. Karzai inicialmente concordou com um texto sobre o pacto em novembro, euma assembleia de anciões pediu para que ele assinasse o acordo, mas ele desde então tem se recusado a fazê-lo.

Em seus comentários a repórteres, o presidente do Afeganistão também denunciou o uso de propaganda - parte dela paga pelos EUA - que pede aassinatura do BSA. "Para ferir o psiquê e a alma do povo do Afeganistão, uma grande propaganda está ocorrendo", afirmou Karzai, referindo-se aos anúncios transmitidos por semanas pela imprensa local, mas agora tirados do ar.

"Nenhuma pressão, nenhuma ameaça, nenhuma guerra psicológica pode nos forçar a assinar o BSA. Se eles querem ir embora, que saiam hoje. Nós continuaremos nossas vidas."

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