Guerra: países correm para evacuar embaixadas no Afeganistão
Depois de dominar boa parte do país, Talibã se encontra a menos de 50 km da capital, Cabul; tropas dos EUA chegam ao local para assegurar retirada de americanos
Carla Aranha
Publicado em 14 de agosto de 2021 às 09h10.
Última atualização em 14 de agosto de 2021 às 18h01.
Com o Talibã a menos de 50 quilômetros da capital Cabul, diversos países acionaram operações de evacuações para retirar seus cidadãos do país. Milhares de tropas americanas chegaram ao Afeganistão neste sábado, 14, a fim de fornecer a segurança necessária para proteger a representação diplomática dos Estados Unidos. Os soldados também devem fornecer suporte militar, inclusive no aeroporto de Cabul, para a retirada de mais de 4.000 diplomatas e civis do país. O Reino Unido também enviou tropas, assim como o Canadá, que planeja fechar sua embaixada em Cabul.
A capital pode ser dominada pelo Talibã a qualquer momento. Com isso, o Afeganistão deverá passar de vez às mãos da organização, que chegou a governar o país entre 1996 e 2000. Em 2001, o Afeganistão foi invadido pelos Estados Unidos, como parte da chamada guerra ao terror, por ter abrigado células da Al Qaeda e Osama bin Laden, acusado de cometer os atentados de 11 de setembro.
O Brasil não possui embaixada em Cabul e tampouco há registros de brasileiros com residência no Afeganistão, segundo o Itamaraty.
Neste sábado, o presidente do país, Ashraf Ghani, fez um pronunciamento em rede nacional apelando ao apoio da comunidade internacional para derrotar o Talibã. Em três semanas, o grupo capturou rapidamente capitais de províncias e diversas cidades em todas as regiões do país. Os ataques continuam neste final de semana.
O grupo vem aproveitando o vácuo deixado pelo anúncio da retirada da presença militar americana feito pelo presidente Joe Biden. A data limite para todos os Estados Unidos encerrarem sua presença de vinte anos no Afeganistão é o dia 31 deste mês – mas, conforme os militantes avançam, é possível que a maioria dos americanos residentes no país partam antes disso.
O país vive no momento uma guerra civil, com galopante sinais de vitória para o Talibã. Temendo a volta de práticas como o açoitamento de indivíduos em público e punições severas para mulheres e minorias que não seguirem as estritas regras de comportamento ditadas pelos rebeldes, milhares de pessoas buscam asilo em outros países. O Canadá se ofereceu para receber mais de 20 mil refugiados do Afeganistão.
Organizações internacionais alertam para um desastre humanitário. A maior preocupação é com as mulheres e crianças, que respondem por 80% do total de pessoas forçadas a deixar o país, segundo a ONU. As mortes causadas pela guerra civil também são motivo de atenção. “O Afeganistão está prestes a testemunhar o maior número de mortes documentadas de civis em um único ano desde que a contagem da ONU foi iniciada”, disse a organização em nota.