Greve do transporte contra Milei afeta mais de um milhão de passageiros na Argentina
Passageiros enfrentam transtornos em Buenos Aires em meio a protestos contra medidas econômicas do governo Milei
Agência de notícias
Publicado em 30 de outubro de 2024 às 16h11.
Última atualização em 30 de outubro de 2024 às 16h13.
Mais de 1 milhão de passageiros foram impactados nesta quarta-feira, 30, por uma greve de transporte na Argentina, que exclui o sindicato de ônibus, em resposta ao ajuste fiscal do presidente ultraliberal Javier Milei , ao aumento da pobreza e à possível privatização da Aerolíneas Argentinas.
Greve afeta diversos modais de transporte
"Há mais de um milhão de passageiros afetados e mais de 1.800 trens sem circular", declarou um porta-voz da estatal Trenes Argentinos, responsável pelas principais linhas de passageiros de Buenos Aires. A paralisação inclui sindicatos ferroviários, além de trabalhadores do transporte fluvial, aeronáutico, taxistas, metrô e caminhoneiros, o que também impacta o transporte de mercadorias.
Segundo Pablo Moyano, secretário-adjunto da CGT (Confederação Geral do Trabalho), "há um setor importante da população passando por dificuldades". Moyano destacou que o movimento busca "defender a soberania do transporte nacional, para que não sejamos invadidos por estrangeiros por dois mangos".
Aeronáutica e outros setores unem-se à paralisação
A Aerolíneas Argentinas informou que 27.700 passageiros e 263 voos foram impactados pela greve. Outros setores, como funcionários públicos, universitários e estudantes, também aderiram ao protesto contra o ajuste fiscal e a desvalorização dos salários. Movimentos sociais anunciaram a realização de cozinhas comunitárias e bloqueios de estradas em todo o país.
"Estamos lutando por educação, saúde, aposentados e por tudo o que este governo está destruindo", afirmou Juan Pablo Brey, secretário-geral da Associação Argentina de Aeronautas.
Perspectivas e consequências econômicas
Apesar de não aderir à greve, o sindicato dos motoristas de ônibus anunciou uma paralisação para quinta-feira, enquanto o secretário de Transporte, Franco Mogetta, afirmou que a greve é "um boicote político de um grupo de dirigentes focados em seus próprios interesses".
Desde que assumiu a presidência em dezembro, Milei promoveu medidas de desregulamentação e cortes de gastos, resultando em superávit fiscal. No entanto, o país enfrenta recessão, inflação de 209% e pobreza de 52,9% no primeiro semestre.
O governo enviou uma mensagem via aplicativo estatal "Mi Argentina", acusando líderes sindicais de proteger seus privilégios e incentivando a denúncia de extorsões relacionadas à greve.