Mil pessoas marcharam em Nantes, pacificamente, para reivindicar "justiça e verdade" (Udi Kivity/Reuters)
AFP
Publicado em 6 de julho de 2018 às 10h49.
Cerca de 50 veículos foram incendiados e vários prédios públicos, deteriorados, nesta quinta-feira (5), na cidade francesa de Nantes, palco de distúrbios pela terceira noite consecutiva, após a morte de um jovem pela polícia.
O agente que abriu fogo está sob prisão preventiva para ser interrogado sobre a morte do rapaz de 22 anos, um episódio que voltou a expor a tensa relação entre a Polícia e os jovens em algumas áreas urbanas pobres na França.
Pelo menos 52 carros foram incendiados na noite de ontem em Nantes, entre eles o veículo da prefeita da localidade, e oito imóveis sofreram atos de depredação.
Quatro pessoas foram detidas, incluindo um menor de 14 anos que levava um galão de gasolina, disseram fontes policiais.
Também foram registrados distúrbios na localidade de Garges-lès-Gonesse, no subúrbio de Paris, onde a vítima morava. Não houve feridos, mas um veículo policial foi atacado, e latas de lixo, queimadas.
Antes do início dos confrontos, cerca de mil pessoas marcharam em Nantes, pacificamente, para reivindicar "justiça e verdade".
A vítima levou um tiro de um policial na terça à noite, quando, segundo a própria Polícia, deu marcha ré no carro para fugir de uma blitz. O rapaz morreu pouco depois no hospital. O jovem tinha um mandado de prisão contra ele por roubo.
Na quinta, o policial que atirou foi posto em prisão preventiva pela Inspetoria Geral da Polícia francesa por "violência voluntária (...) que provocou a morte, sem intenção de matar", anunciou o procurador de Nantes, Pierre Sennès.
Segundo uma fonte próxima à investigação, os cinco policiais que estavam nessa noite de plantão com o agente que atirou confirmaram que a vítima quis dar marcha a ré em "a grande velocidade", pondo em risco a vida de quatro garotos que estavam brincando na calçada, atrás do veículo.
O procurador de Nantes não confirmou essas declarações, que divergem dos testemunhos de vários moradores ouvidos por jornalistas da AFP. Segundo uma mulher que filmou a cena, "não havia nenhum agente atrás do carro".