De volta para Davos
Após mais de dois anos de pandemia, com a edição de 2021 cancelada, o Fórum Econômico Mundial de Davos está de volta
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Carlo Cauti
Publicado em 22 de maio de 2022 às 12h45.
Última atualização em 24 de maio de 2022 às 10h23.
Após mais de dois anos de pandemia, com a edição de 2021 cancelada, o Fórum Econômico Mundial está de volta em Davos, na Suíça.
Este ano, o Fórum de Davos foi inicialmente planejado para ocorrer na última semana de janeiro, como ocorre tradicionalmente.
Entretanto, os organizadores o adiaram para o final de maio, de 22 a 26, por causa da onda da variante ômicron do novo coronavírus (Covid-19).
Com a pandemia arquivada, ou pelo menos sob controle, o "templo do livre mercado global" está de volta na pequena cidade da suíça onde se fala alemão.
O título da edição de 2022 é "História em um ponto de virada: políticas governamentais e estratégias de negócios".
Mais de 50 chefes de estado e de governo estarão presentes, incluindo:
- o chanceler alemão, Olaf Scholz,
- o presidente israelense, Isaac Herzog,
- o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez,
- o primeiro-ministro holandês Mark Rutte,
- a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
- a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde,
- o enviado especial para o clima do presidente norte-americano, John Kerry,
- o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, falará vídeo na abertura da cúpula , enquanto vários outros políticos ucranianos comparecerão pessoalmente.
O Brasil será representado pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Saúde, Marcelo Queiroga.
Além disso, estarão presentes o presidente do Conselho do BTG Pactual (BPAC11), André Esteves, e os CEOs e executivos de grandes bancos e empresas brasileiras, como Vale (VALE4), Itaú (ITUB4), e Bradesco (BBDC4).
Guerra na Ucrânia e pandemia estão no centro de Davos 2022
Empresários, executivos e líderes mundiais voltarão a discutir sobre os desafios do planeta, principalmente do fim da pandemia e da guerra na Ucrânia.
Para ter uma ideia da importância do conflito na cúpula desse ano, é suficiente dizer que os russos, sempre presentes em Davos, foram excluídos pela primeira vez desde o colapso da União Soviética, em 1989.
Segundo o presidente do Fórum, Borge Brende, essa foi a decisão "correta".
"No entanto, esperamos que Moscou siga outro caminho nos próximos anos, respeitando a Carta da ONU e suas obrigações internacionais", salientou Brende na entrevista coletiva de apresentação do evento.
Até a tradicional "Russia House", local utilizado todos os anos pelo governo de Moscou como vetrine em Davos, foi substituída por uma " Russia War Crimes House ". Uma casa dos crimes de guerra da Rússia.
No local, financiado pela "Fundação Victor Pinchuck" e pela governo ucraniano, são expostas fotos de mortos, feridos e mutilados ucranianos.
"Faremos todo o possível para apoiar a Ucrânia", disse o fundador e presidente executivo do Fórum, Klaus Schwab.
"A agressão da Rússia será lembrada nos livros de história como o colapso da ordem nascida após a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria”, explicou Schwab.
Segundo ele, essa será primeira reunião de líderes mundiais nesta nova situação caracterizada por um mundo multipolar emergente devido à pandemia e à guerra.
"O fato de quase 2.500 líderes da política, da sociedade civil e da mídia se reunirem pessoalmente", acrescentou o professor suíço, "demonstra a necessidade de uma plataforma global confiável, informal e orientada para a ação para enfrentar os problemas em um mundo impulsionado pela crise".
Pilares temáticos de Davos
Além da pandemia e da crise ucraniana, essa "será uma cúpula centrada no clima e na transição energética", segundo Schwab.
O programa de Davos 2022 tem seis pilares temáticos:
- promoção da cooperação global e regional;
- assegurar a recuperação econômica e moldar uma nova era de crescimento;
- construir sociedades saudáveis e justas;
- salvaguardar o clima, a alimentação e a natureza;
- liderar a transformação industrial;
- aproveitar o poder da Quarta Revolução Industrial.
Além disso, estarão na mesa da discussões as mudanças climáticas, o aumento dos preços da energia e da ameaça de uma crise alimentar mundial, a igualdade de gênero, as desigualdades sociais, a necessidade de criar empregos devidamente remunerados.
Como sempre, o Fórum Econômico Mundial de Davos também será uma oportunidade para os diplomatas abordarem questões delicadas de forma discreta.
A diplomacia secreta é também uma das tradições em Davos. Que no passado permitiram até resolver conflitos armados, ou evitar que eclodissem. Como no caso da crise de Chipre entre a Turquia e a Grécia nos anos 1980.