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Formação de grande júri em "escândalo russo" irrita Trump

"A razão pela qual os democratas só falam dessa história russa totalmente inventada é que eles não têm mensagem, agenda, visão", atacou o presidente

Trump: "a história russa é uma fabricação total", lançou Donald Trump, diante de uma multidão (Pool / Pool/Getty Images)
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AFP

Publicado em 4 de agosto de 2017 às 12h34.

Donald Trump voltou a ativar sua metralhadora verbal, nesta quinta-feira à noite (3), contra a investigação que trata da denúncia de ingerência russa na eleição americana de 2016.

Um enfurecido Trump reagiu, assim, à constituição de um "grande júri" para este caso, passo que pode levar a abertura de processo penal.

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"A história russa é uma fabricação total", lançou Donald Trump, diante de uma multidão em um comício na Virgínia Ocidental.

"A razão pela qual os democratas só falam dessa história russa totalmente inventada é que eles não têm mensagem, agenda, visão", atacou.

Segundo o Wall Street Journal, assim como The Washington Post e The New York Times, o procurador especial Robert Mueller constituiu um "grande júri".

Ex-diretor do FBI, Mueller investiga as acusações de conluio entre o governo russo e a equipe de campanha de Trump. De acordo com o WSJ, esse "grande júri" foi formado nas "últimas semanas".

Responsável por proferir a sentença de pronúncia, o "grande júri" é uma espécie de câmara de instrução composta de cidadãos que deliberam em segredo, a portas fechadas, para determinar se as provas apresentadas pelo procurador são consistentes e suficientes para abertura de processo.

"Você não constitui um grande júri a menos que sua investigação tenha revelado elementos suficientes que reflitam, para você, uma violação de - pelo menos - uma disposição criminal, ou até mais", explicou à AFP o advogado americano Bradley Moss, especializado em assuntos de Segurança Nacional.

'Escalada significativa'

Para ele, trata-se de "uma escalada significativa do processo" judiciário no caso russo.

O advogado do presidente Trump, Ty Cobb, declarou desconhecer a constituição de um "grande júri", garantindo que "a Casa Branca é a favor de tudo que possa acelerar a conclusão" desse caso. Disse ainda que o Executivo "coopera plenamente" com a equipe do procurador Mueller.

"O ex-diretor do FBI James Comey disse três vezes que o presidente não é alvo de investigação, e não temos qualquer razão para acreditar que isso tenha mudado", declarou a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.

Comey foi demitido por Trump em maio, no âmbito dessa mesma investigação sobre as suspeitas envolvendo o entorno do presidente e os russos. Denunciando ser alvo de uma "caça às bruxas", Trump sempre negou qualquer conluio com Moscou durante a campanha presidencial americana de 2016.

Recentemente, porém, foi forçado a admitir que seu filho mais velho, Donald Trump Jr., seu genro, Jared Kushner, e seu então diretor de campanha Paul Manafort se reuniram com uma advogada russa ligada ao Kremlin para obter informações potencialmente comprometedoras sobre sua rival eleitoral, a democrata Hillary Clinton.

Em paralelo, Mueller estaria investigando as finanças de Trump e de seus associados, segundo a rede CNN. Nesse sentido, o presidente advertiu publicamente o procurador especial sobre a ultrapassagem de uma linha vermelha. Vários analistas veem nisso uma ameaça de Trump a Mueller, no sentido de afastá-lo das investigações.

Dois senadores, o democrata Chris Coons e o republicano Thom Tillis, apresentaram ontem uma proposta bipartidária para proteger Mueller, condicionando sua eventual demissão a uma análise da Justiça.

Se Trump for convocado a testemunhar perante um "grande júri", não será o primeiro a fazê-lo. O democrata Bill Clinton já passou por isso, quando foi convocado a dar detalhes de sua relação com a então estagiária Monica Lewinsky.

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