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O que o Fed ainda pode fazer contra a disparada do desemprego?

BC dos EUA deve derrubar juro básico no dia 16 e depois concentrar esforços nas taxas cobradas dos consumidores e empresas

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.

A divulgação de que os Estados Unidos eliminaram 533 mil empregos em novembro chocou o mercado. Trata-se do pior resultado desde 1974. Analistas esperavam um corte de cerca de 335 mil vagas. Além disso, o governo revisou para baixo os números dos meses anteriores. Em outubro, 320 mil empregos deixaram de existir, contra estimativa anterior de 240 mil. Já a eliminação de vagas em setembro cresceu dos 159 mil divulgados para 403 mil confirmados. No ano, são 1,9 milhão de empregos a menos. "Não tem nada de bom nesses dados", disse David Greenlaw, do banco Morgan Stanley, ao "Wall Street Journal". "Os números são indescritivelmente terríveis", disse ao jornal Ian Shepherdson, da consultoria High Frequency Economics.

Diante do quadro aterrador, fica a pergunta: o que o Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) ainda pode fazer para conter a disparada do desemprego? O BC dos EUA já derrubou a taxa básica de juros para 1% ao ano. Para a Fator Corretora, o Fed deverá, na reunião do próximo dia 16, reduzir a taxa para simbólicos 0,25%.

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Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira no "WSJ", como a taxa básica já está muito baixa, o Fed também pode tentar derrubar os juros de outros tipos de empréstimos, como hipotecas, crédito ao consumidor e dos títulos do Tesouro. "O escopo para cortes de juros convencionais para ativar a economia é obviamente limitado", afirmou o presidente do Fed, Ben Bernanke, nesta semana.

Para o "WSJ", o Fed quer se concentrar nos spreads entre as taxas pagas pelos títulos do Tesouro americano e os juros dos demais tipos de financiamento. Com a forte aversão ao risco verificada desde a quebra do banco Lehman Brothers, em setembro, os spreads bancários cresceram muito e se tornaram um empecilho à recuperação da atividade econômica - já que mutuários, empresários e consumidores estão pagando juros muito altos para se animarem a ir às compras ou investir.

Uma medida importante foi anunciada na semana passada, quando o Fed anunciou que compraria débitos emitidos ou garantidos por agências de crédito como a Fannie Mae, Freddie Mac e Ginnie Mae. Essa medida já contribuiu para reduzir os spreads de papéis imobiliários, uma queda considerada "encorajadora" por Bernanke.

Outra medida que pode ser adotada é a recompra de títulos do Tesouro em circulação no mercado. A medida reduziria a oferta desses papéis sem mexer em sua demanda e obrigaria os investidores a aceitar juros menores para o investimento. Com títulos públicos menos atrativos, haveria um incentivo para a compra de papéis privados - destravando o crédito.

Em relação aos mutuários, o Fed poderia comprar dívidas hipotecárias em atraso, reduzindo a inadimplência com os bancos. Outra iniciativa seria favorecer o refinanciamento de hipotecas inadimplentes. As medidas são necessárias para evitar uma descapitalização ainda maior das instituições financeiras, que já acumulam perdas de cerca de 1 trilhão de dólares com os papéis chamados de subprime.

Dificilmente essas medidas de incentivo ao crédito poderiam ter um efeito inflacionário. Ao contrário do Brasil, onde a queda das commodities provoca desvalorização do real e pressões inflacionárias, as economias desenvolvidas ganharam espaço para cortar juros e tomar medidas de estímulo econômico com o barateamento das matérias-primas. O temor de que empresas e consumidores voltem a se endividar demais e provoquem uma nova bolha do crédito, no entanto, continuará a existir - pelo menos enquanto o governo não impor limites de alavancagem para Wall Street.

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