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Ex-juíza do TPI defendeu "uma solução política" para Síria

"A negociação é a única solução possível ao povo sírio. Espero que essa definição chegue em breve porque já se passou tempo demais", assinalou Carla del Ponte


	Carla del Ponte: "Em toda minha carreira, em nenhum outro conflito armado, eu vi métodos de tortura como os que estão sendo utilizados na Síria, nem no conflito dos Bálcãs", ressaltou a ex-juíza do TPI
 (©AFP / Lex van Lieshout)

Carla del Ponte: "Em toda minha carreira, em nenhum outro conflito armado, eu vi métodos de tortura como os que estão sendo utilizados na Síria, nem no conflito dos Bálcãs", ressaltou a ex-juíza do TPI (©AFP / Lex van Lieshout)

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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2013 às 12h00.

Genebra - A ex-juíza internacional e integrante da comissão investigadora da ONU sobre a Síria, Carla del Ponte, afirmou nesta segunda-feira que uma intervenção militar no país árabe "só traria mais mortes" e, por isso, defendeu "uma solução política" ao conflito armado que se arrasta desde março de 2011.

"A negociação é a única solução possível ao povo sírio. Espero que essa definição chegue em breve porque já se passou tempo demais", assinalou a ex-juiza do Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia e Ruanda durante uma conferência em Genebra.

Carla denunciou que há uma lista "muito longa" de crimes de guerra e contra a humanidade. Evitando fazer uma dicotomia entre bons e maus, a ex-juíza ressaltou que as atrocidades são cometidas "por ambos os bandos".

"Em toda minha carreira, em nenhum outro conflito armado, eu vi métodos de tortura como os que estão sendo utilizados na Síria, nem no conflito dos Bálcãs", ressaltou Carla.

Em relação ao suposto uso de armas químicas contra civis nos arredores de Damasco no último dia 21 de agosto, Carla indicou que é preciso esperar os resultados da investigação da ONU e, caso esse ataque venha a ser confirmado, determinar quem são os responsáveis.


Há dois meses, ao assegurar que as forças rebeldes haviam utilizado gás sarin contra civis, Carla foi alvo de uma grande polêmica sobre esta questão, inclusive depois que tal afirmação acabou sendo desmentida pelo presidente da comissão investigadora.

A comissão citada publicará na próxima quarta-feira um novo relatório sobre o ocorrido na Síria, o qual será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU na próxima segunda-feira e que se refere ao período entre meados de maio e julho.

Antes de encerrar seu discurso, a jurista suíça reconheceu sua "frustração" por não poder levar o caso da Síria ao Tribunal Penal Internacional, já que, ao não aparecer como um país signatário do Tratado de Roma - que criou este tribunal -, a única via é o consentimento do Conselho de Segurança da ONU, onde essa questão é barrada pelo veto da Rússia e China, aliados do regime sírio.

"O Conselho de Segurança é uma instituição política e, como tal, toma decisões políticas que nem sempre estão a favor da justiça internacional", declarou Clara. EFE

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