Europa em xeque – mais uma vez
Vai ou não vai? O primeiro-ministro italiano Matteo Renzi renunciou ao cargo após ter sua reforma constitucional derrotada nas urnas no domingo, mas ontem decidiu ficar por mais alguns dias, a pedido do presidente Sergio Mattarella. Até o final desta semana, o Congresso deve votar o orçamento para 2017. Nesta terça-feira, o partido democrata, do qual […]
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 05h02.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h57.
Vai ou não vai? O primeiro-ministro italiano Matteo Renzi renunciou ao cargo após ter sua reforma constitucional derrotada nas urnas no domingo, mas ontem decidiu ficar por mais alguns dias, a pedido do presidente Sergio Mattarella. Até o final desta semana, o Congresso deve votar o orçamento para 2017. Nesta terça-feira, o partido democrata, do qual Renzi é líder, já se reúne para discutir o nome de um possível sucessor.
O atual ministro de Finanças, Pier Carlo Padoan, é o mais cotado. Porém, todos os partidos poderão pleitear a vaga junto ao presidente. O líder da coligação de centro-direita Força Itália, Silvio Berlusconi, sempre ele, é um dos candidatos; Beppe Grillo, do Movimento 5 Estrelas; e Matteo Salvini, da Liga Norte, também. As duas últimas coligações são de extrema-direita e têm encampado o pedido de novas eleições.
É um imbróglio típico da Itália, em que instabilidade política é a regra. A única certeza: a derrota dos democratas favorece o avanço de grupos populistas, e preocupa a União Europeia. Líderes nacionalistas como a francesa Marine Le Pen e o holandês Geert Wilders têm feito campanha pela a saída da bloco. O resultado das urnas, em que 59% dos eleitores se mostraram contrários à reforma, abalou o euro e revelou o desconforto da população com propostas de maior centralização de poder, mas também com a falta de perspectiva da União Europeia. A moeda, com a decisão, caiu para o nível mais baixo em 21 meses, chegando a custar 1 dólar.
A economia italiana anda de lado há 20 anos – este ano, a previsão de alta no PIB é de 0,8% – e as taxas de desemprego continuam no patamar dos 11% desde 2015. A zona do euro segue o mesmo marasmo – após crescer 2% no ano passado, deve avançar apenas 1,7% este ano e 1,5% no ano que vem – a última revisão do PIB do terceiro trimestre sai hoje. É, enfim, um péssimo ambiente para levar às urnas projetos mais ousados. Renzi foi apenas o último político a descobrir isso da pior forma possível.