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Estrela do Facebook é morta em crime de honra no Paquistão

Qandeel Baloch era idolatrada por muitos jovens do país por sua coragem de quebrar tabus

O estilo de Qandeel Baloch era condenado por conservadores (Reprodução/Facebook/Qandeel Baloch Official)

O estilo de Qandeel Baloch era condenado por conservadores (Reprodução/Facebook/Qandeel Baloch Official)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2016 às 21h25.

Uma estrela das redes sociais cujas selfies sensuais causavam polêmica no Paquistão, um país muçulmano conservador, foi assassinada por seu irmão, em um suposto crime de honra, anunciaram autoridades neste sábado, causando choque e revolta.

Qandeel Baloch, idolatrada por muitos jovens do país por sua coragem de quebrar tabus, mas condenada por conservadores, foi estrangulada perto da cidade de Multan, segundo a polícia.

"Qandeel Baloch foi morta, estrangulada por seu irmão. Aparentemente, tratou-se de um crime de honra", disse o oficial Sultan Azam à AFP.

Qandeel, que tinha entre 20 e 30 anos e cujo nome verdadeiro era Fauzia Azeem, havia viajado com a família para o vilarejo de Muzzafarabad, na província de Punjab, para o feriado do Eid.

Ali, ela foi morta nesta sexta-feira, informou a polícia, assinalando que seu irmão, Wasim, havia fugido.

Cerca de 100 oficiais se concentravam em frente à residência da família em Muzzafarabad. Cinco ambulâncias estavam estacionadas nos arredores.

"Minha filha era inocente, nós somos inocentes, queremos justiça. Por que minha filha foi morta? ", questionou o pai da jovem, Azeem Ahmad.

A polícia registrou o caso como assassinato, contra o irmão da vítima, baseada em uma queixa por escrito de seu pai, em que ele acusa o filho de matar a irmã por motivo de honra, "porque queria que ela abandonasse o showbiz".

Centenas de mulheres são mortas por motivo de honra anualmente no Paquistão. Os assassinos não costumam ser punidos, por causa de uma lei que permite à família da vítima perdoar o agressor, que costuma ser um parente.

A cineasta Sharmeemn Obaid-Chinoy, cujo documentário sobre crimes de honra ganhou um Oscar este ano, classificou o assassinato de Qandeel como sintoma de uma "epidemia" de violência contra as mulheres no Paquistão.

Qandeel se tornou famosa no Paquistão em 2014, quando publicou um vídeo em que olhava para a câmera de forma sensual e perguntava como estava sua aparência.

Seu desafio às tradições e sua defesa de visões liberais lhe renderam vários admiradores entre a população jovem.

Mas em um país onde as mulheres lutam por seus direitos há décadas, e em que ataques com ácidos e crimes de honra são frequentes, ela também era rejeitada por muitos e costumava ser vítima de misoginia.

Qandeel causou polêmica no mês passado, ao posar para selfies com um clérigo, que foi severamente repreendido pelo Ministério de Assuntos Religiosos do país.

No começo do ano, ela prometeu fazer um striptease se a seleção de críquete do Paquistão vencesse a Índia em um campeonato, mas a equipe não conseguiu o feito.

Em entrevista ao principal jornal de língua inglesa do Paquistão, "Dawn", a jovem contou que foi obrigada a se casar aos 17 anos, com "um homem rude", com quem teve um filho e de quem acabou se divorciando.

Ela falou repetidamente em deixar o país por temer por sua segurança. Segundo o jornal, seu pedido de proteção policial foi ignorado.

Sharmeemn Obaid-Chinoy disse à AFP que o crime mostra que nenhuma mulher estará a salvo no Paquistão "até que comecemos a mandar para a cadeia os homens que as matam".

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