Escândalo envolvendo direita e esquerda abala a França
A classe política francesa se vê envolvida num escândalo do qual a extrema direita pode, mais uma vez, tirar bastante proveito
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2014 às 13h27.
Paris - Acusações de tentativa de manipulação do judiciário e de mentiras, intrigas de bastidores, declarações duvidosas: a classe política francesa - partidos tradicionais mas também o palácio do Eliseu - se vê envolvida num escândalo do qual a extrema direita pode, mais uma vez, tirar bastante proveito.
Segundo revelaram dois jornalistas do Le Monde, o primeiro-ministro da era Sarkozy , François Fillon, teria pedido ao atual secretário-geral do palácio presidencial (o Eliseu), Jean-Pierre Jouyet, que acelerasse os processos judiciários contra seu antigo patrão - seu rival na corrida eleitoral de 2017.
No livro "Sarkô se matou", os repórteres Gérard Davet e Fabrice Lhomme garantem que no último 24 de junho, em pleno escândalo Bygmalion, (envolvendo notas frias durante a campanha de Sarkozy de 2012) o ex-primeiro ministro conservador teria pedido ao executivo socialista para dar "um golpe rápido" no ex-presidente, que estava de volta à política.
François Fillon desmentiu formalmente a acusação e processou os jornalistas do Monde. Caso as revelações sejam confirmadas, ele poderia ter que dizer adeus a uma candidatura à presidência.
Já são muitas as vozes que pedem a demissão do secretário-geral do Eliseu - espécie de chefe da Casa Civil francês - que foi secretário de Estado no governo conservador de Fillon, além de ser amigo e braço-direito do atual presidente, o socialista François Hollande .
Os dois maiores partidos da França, a UMP (direita) e o PS (esquerda), se encontram então envolvidos num caso onde todos dão bola fora e tentam jogar a culpa no colo do outro.
"Todos estão corrompidos"
"Estamos, de fato, diante de um caso tóxico do ponto de vista da opinião pública, porque atinge esquerda e direita", analisa o cientista político Frédéric Dabi, do instituto de pesquisas Ifop, falando sobre o escândalo "Fillon-Jouyet" - batizado com os nomes de seus protagonistas.
"Marine Le Pen deve estar agradecida", diz o título do editorial do jornal francês Le Figaro, referindo-se à presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional, que nas últimas eleições europeias tornou-se a legenda mais votada.
O caso colocou em evidência a apunhalada por trás levada por Sarkozy de seu ex-chefe de governo, que em teoria lhe era fiel.
A volta de Sarkozy à cena política com a intenção de candidatar-se novamente às eleições presidenciais não agradou aos que achavam que seu momento tinha passado. O próprio Fillon, mas também Alain Juppé, igualmente ex-primeiro-ministro e atual co-presidente da UMP.
Para a esquerda, o caso representa um novo golpe em François Hollande, que já bate recordes de impopularidade. Caso seja confirmado que Jouyet esteve envolvido no escândalo e deixe o governo, o presidente deverá nomear seu terceiro secretário-geral do Eliseu em menos de três anos, um posto-chave do executivo.
O caso também põe holofotes nas relações surpreendentes, para o cidadão comum, entre líderes políticos que, embora exibam posturas irreconciliáveis na frente das câmeras, frequentemente foram às mesmas escolas e agora mantêm relações de conivência nos corredores.
Para o cientista político Frédéric Dabi, este novo caso alimenta a ideia de que "todos estão corrompidos" e de que os políticos não merecem respeito.
A maior parte dos analistas consideram agora que o assunto conseguirá dar ainda mais gás a Marine Le Pen nas pesquisas, que já a colocam em primeiro lugar para as eleições de 2017.
Paris - Acusações de tentativa de manipulação do judiciário e de mentiras, intrigas de bastidores, declarações duvidosas: a classe política francesa - partidos tradicionais mas também o palácio do Eliseu - se vê envolvida num escândalo do qual a extrema direita pode, mais uma vez, tirar bastante proveito.
Segundo revelaram dois jornalistas do Le Monde, o primeiro-ministro da era Sarkozy , François Fillon, teria pedido ao atual secretário-geral do palácio presidencial (o Eliseu), Jean-Pierre Jouyet, que acelerasse os processos judiciários contra seu antigo patrão - seu rival na corrida eleitoral de 2017.
No livro "Sarkô se matou", os repórteres Gérard Davet e Fabrice Lhomme garantem que no último 24 de junho, em pleno escândalo Bygmalion, (envolvendo notas frias durante a campanha de Sarkozy de 2012) o ex-primeiro ministro conservador teria pedido ao executivo socialista para dar "um golpe rápido" no ex-presidente, que estava de volta à política.
François Fillon desmentiu formalmente a acusação e processou os jornalistas do Monde. Caso as revelações sejam confirmadas, ele poderia ter que dizer adeus a uma candidatura à presidência.
Já são muitas as vozes que pedem a demissão do secretário-geral do Eliseu - espécie de chefe da Casa Civil francês - que foi secretário de Estado no governo conservador de Fillon, além de ser amigo e braço-direito do atual presidente, o socialista François Hollande .
Os dois maiores partidos da França, a UMP (direita) e o PS (esquerda), se encontram então envolvidos num caso onde todos dão bola fora e tentam jogar a culpa no colo do outro.
"Todos estão corrompidos"
"Estamos, de fato, diante de um caso tóxico do ponto de vista da opinião pública, porque atinge esquerda e direita", analisa o cientista político Frédéric Dabi, do instituto de pesquisas Ifop, falando sobre o escândalo "Fillon-Jouyet" - batizado com os nomes de seus protagonistas.
"Marine Le Pen deve estar agradecida", diz o título do editorial do jornal francês Le Figaro, referindo-se à presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional, que nas últimas eleições europeias tornou-se a legenda mais votada.
O caso colocou em evidência a apunhalada por trás levada por Sarkozy de seu ex-chefe de governo, que em teoria lhe era fiel.
A volta de Sarkozy à cena política com a intenção de candidatar-se novamente às eleições presidenciais não agradou aos que achavam que seu momento tinha passado. O próprio Fillon, mas também Alain Juppé, igualmente ex-primeiro-ministro e atual co-presidente da UMP.
Para a esquerda, o caso representa um novo golpe em François Hollande, que já bate recordes de impopularidade. Caso seja confirmado que Jouyet esteve envolvido no escândalo e deixe o governo, o presidente deverá nomear seu terceiro secretário-geral do Eliseu em menos de três anos, um posto-chave do executivo.
O caso também põe holofotes nas relações surpreendentes, para o cidadão comum, entre líderes políticos que, embora exibam posturas irreconciliáveis na frente das câmeras, frequentemente foram às mesmas escolas e agora mantêm relações de conivência nos corredores.
Para o cientista político Frédéric Dabi, este novo caso alimenta a ideia de que "todos estão corrompidos" e de que os políticos não merecem respeito.
A maior parte dos analistas consideram agora que o assunto conseguirá dar ainda mais gás a Marine Le Pen nas pesquisas, que já a colocam em primeiro lugar para as eleições de 2017.