Erro humano matou 15 crianças em vacinação na Síria, diz OMS
Tragédia tem potencial de prejudicar a confiança nos serviços de saúde em áreas sob controle da oposição
Da Redação
Publicado em 19 de setembro de 2014 às 10h25.
Genebra - Um relaxante muscular parece ter sido misturado erroneamente com uma vacina contra o sarampo, matando 15 crianças na Síria nesta semana, disse nesta sexta-feira a Organização Mundial da Saúde ( OMS ), qualificando a situação como a maior tragédia do tipo de que se tem memória.
A OMS disse que não poderia excluir totalmente sabotagem, por isso a campanha de vacinação contra o sarampo ficou suspensa até que a investigação fosse concluída.
Quinze crianças morreram depois de serem vacinadas contra o sarampo no norte da Síria, informaram trabalhadores e entidades humanitárias na quarta-feira, uma tragédia com potencial de prejudicar a confiança nos serviços de saúde em áreas sob controle da oposição.
O fabricante, que não foi identificado, enviou a vacina em forma de pó com um diluente para um centro na Síria, onde foi armazenada e, em seguida, enviada para as províncias de Deir al-Zor e Idlib para a campanha de vacinação de dezenas de milhares de crianças, iniciada na segunda-feira, disse o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier.
"Pelo que sabemos até agora, no centro o diluente foi mantido junto na mesma geladeira com um relaxante muscular. O relaxante é chamado Atracúrio. Ele acabou misturado em alguns invólucros, em vez do diluente, com a vacina em pó", afirmou Lindmeier em entrevista coletiva em Genebra.
Apontando para erro humano, ele disse: "Quem pegou o material obviamente colocou nos pacotes as ampolas erradas com a vacina em pó. Então, isso foi embarcado nos veículos para o local da vacinação, e lá foi desempacotado e misturado, para ser usado no prazo de 6 horas".
"Portanto, tanto na embalagem como na hora de retirar os pacotes para a vacinação houve negligência grosseira", disse Lindmeier.
O relaxante muscular, geralmente administrado como um anestésico para cirurgias, funciona de acordo com o peso, por isso todas as crianças que morreram tinham menos de dois anos de idade, disse ele.
As crianças mais velhas sobreviveram após vômitos, diarréia e choque anafilático.