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Empresas brasileiras vão aumentar investimentos na China

Em menos de cinco anos, o país asiático deve se tornar o terceiro destino mais freqüente dos investimentos das companhias no exterior

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.

Alçada à condição de motor do crescimento mundial, diante da redução de ritmo nas economias desenvolvidas, a China deve passar de quarto para terceiro maior destino dos investimentos de empresas brasileiras no exterior, em menos de cinco anos. A constatação é parte de uma pesquisa da consultoria KPMG para avaliar as previsões de investimento das maiores empresas do mundo.

Segundo o levantamento, 15% das empresas brasileiras incluídas na pesquisa terão a China como foco prioritário de investimentos em 2009, número que coloca o país asiático em quarto lugar nesse quesito, atrás de Estados Unidos, América Latina e Europa. Já em 2013, essa proporção tende a alcançar os 20% e a impulsionar os chineses para o terceiro lugar na lista, empatado com a Europa.

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Somado à boa fase que as companhias do Brasil atravessam, o enorme potencial de consumo dos chineses estimula muitos empresários a buscar uma presença mais concreta naquele mercado, inclusive com planos de abertura de fábricas no país, passo ainda restrito a uma pequena elite entre os que se aventuram a exportar para a região.

"As empresas brasileiras começaram a entrar na China por meio de escritórios de representação, mais como uma forma de sentir esse mercado. Agora, estamos vivendo uma fase de transição, em que elas começam a se instalar mais firmemente", explica o diretor da área de Tributação Internacional da KPMG no Brasil, Murilo Mello.

Em maio deste ano, um levantamento de EXAME revelou que 35 empresas brasileiras possuíam escritórios de representação no país asiático, mas apenas quatro mantinham fábricas próprias em território chinês.

Exceção entre os vizinhos

O interesse crescente dos empresários brasileiros pela China contrasta com a apatia dos demais países da América Latina, de acordo com o estudo da KPMG.

Dos 140 executivos que trabalham nas maiores empresas latino-americanas com presença no exterior, 13% revelaram intenção de investir na China, em 2009. Até 2013, porém, a porcentagem deve cair para apenas 7%.

Visto num contexto em que as previsões para o crescimento do PIB chinês para 2008, mesmo em desaceleração, se mantêm em torno dos 8%, o distanciamento latino-americano causa estranheza e contrasta com o comportamento das outras regiões do planeta. Pelos dados da pesquisa global sobre o mesmo tema, divulgada pela KPMG no começo do ano, a China lidera o ranking mundial de destinos dos investimentos corporativos entre 2009 e 2013, enquanto para as empresas da América Latina, ela ocupa o 5º lugar.

A explicação mais provável para o descompasso é o fato de os países da América Latina se encontrarem numa fase de investimentos na própria região ou mesmo dentro do próprio país.

"Quando se compara a questão logística, é mais fácil administrar um investimento na América Latina do que na China. Além disso, atualmente há setores que oferecem ótimas oportunidades na região, como o de infra-estrutura", aponta Murilo Mello.

Ele explica que o Brasil se descola dos vizinhos em termos de investimentos na China por contar com empresas de maior porte, e portanto, com mais facilidade de obter o capital necessário aos investimentos. Também conta o fato de os executivos brasileiros terem desenvolvido uma cultura mais forte de presença no exterior, mesmo que voltada para outras regiões além da China.

"As empresas do Brasil já têm a experiência da internacionalização, elas lideraram o processo de abertura da região para as oportunidades de investimentos no exterior e isso dá a elas um apetite e um fôlego maior para chegar à China", ele explica.

Os mesmos fatores justificam o fato de os países desenvolvidos terem na China seu foco principal. Como as maiores multinacionais americanas, européias e japonesas já contam com filiais significativas nos países emergentes como o Brasil, o mercado do país asiático aparece como o de maior potencial a explorar, lembra Mello.

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