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Eleição para Judiciário na Bolívia tem 60% de votos nulos e brancos

Oposição diz que resultado mostra um enfraquecimento de Evo Morales

O presidente da Bolívia, Evo Morales, é alvo da oposição após o resultado (Peter Macdiarmid/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2011 às 16h46.

La Paz - A soma de votos nulos e brancos no inédito pleito popular de domingo para eleger autoridades judiciais ficou entre 57% e 60%, segundo uma pesquisa de boca de urna de um canal de TV, um resultado que a oposição reivindicou como uma derrota do presidente Evo Morales.

Os votos válidos para eleger 56 juízes (entre titulares e suplentes) do Tribunal Supremo, do Conselho da Magistratura, do Tribunal Constitucional e do Tribunal Agroambiental ficaram entre 40% e 43%, informou o canal privado de televisão ATB, na falta de resultados oficiais, que podem demorar até 10 dias.

Segundo a boca de urna, houve 17% de votos em branco e de 40% a 43% nulos. Segundo o presidente do Tribunal Eleitoral boliviano (TE), Wilfredo Ovando, os votos brancos e nulos apenas são dados estatísticos e não influenciam o resultado final.

No entanto, a oposição fez campanha para anular o voto e considerou esses 40% a 43% uma importante mensagem contrária ao presidente Morales, um indígena de tendência esquerdista que fez campanha a favor desse processo eleitoral.

"A maioria do país pronunciou-se contrária a uma gestão caracterizada por soberba, autoritarismo, ineficiência, improvisação e corrupção", afirmou o líder de centro-esquerda Movimento Sem Medo, Juan del Granado, ex-aliado de Morales.

"O Movimento Sem Medo quer pedir ao presidente Evo Morales que escute essa maioria de bolivianos", disse o líder político, afirmando que nenhum candidato pode assumir o cargo de juiz porque sua eleição está "deslegitimada" pelos votos nulos e brancos.

Del Granado aparece como grande opositor do presidente Morales no cenário político boliviano.

O ex-candidato presidencial, rico empresário e líder da Unidade Nacional (centro-direita), Samuel Doria Medina, disse que "o presidente tem que escutar essa mensagem. A mensagem é, presidente, que ninguém é dono da Bolívia, não pode empossar autoridades quem não tem legitimidade".


Depois assegurou "que o país perdeu o medo do governismo", depois que Morales subiu à presidência em 2005 com 54% dos votos e se reelegeu em 2009 com 64% de apoio.

A oposição, desde a centro-esquerda até a direita, empreendeu uma campanha para que a população anulasse o voto, como protesto contra o processo de pré-seleção de candidatos a cargo do Congresso, controlado pelo governismo, e contra o próprio processo eleitoral, o qual qualificou como pouco transparente.

O presidente felicitou a população por sua participação em massa (o voto era obrigatório), admitiu a falta de informação no processo e evitou referir-se aos resultados.

"Parabéns por essa vontade democrática! Foi uma primeira experiência. Lamentavelmente faltou mais informação, mais socialização", mas, apesar disso, "a participação do povo boliviano foi um sucesso", disse o presidente.

Em uma breve mensagem à nação, Evo Morales evitou citar os resultados que não lhe foram favoráveis e preferiu insistir que com a participação do povo "vamos continuar melhorando a Justiça", como parte das mudanças estruturais impulsionadas por sua administração.

Ao lado do vice-presidente e do chanceler, Morales, sério, defendeu o processo de eleição das autoridades do Poder Judiciário, afirmando que "fracassaram aqueles que tentaram boicotá-la".

O sociólogo e ex-porta-voz do tribunal eleitoral Jorge Lazarte disse à AFP que "o voto nulo e branco pode ser interpretado como um sinal de rejeição à gestão do presidente Evo Morales, principalmente pelo 'gasolinaço' (aumento dos preços dos combustíveis em dezembro passado) e pelo tratamento dado aos indígenas", que protestam rumo a La Paz há dois meses contrários à construção de uma estrada.

O governante tentou subir o preço da gasolina em dezembro passado em 83%, mas logo anulou sua medida, após fortes protestos no país. Também tentou frear em vão uma marcha de indígenas há três semanas com repressão policial que deixou 70 feridos.

O analista Reymi Ferreira explicou que o resultado inusual se deve "ao desconhecimento da população (em relação aos candidatos), à rejeição ao método eleitoral (proposto pelo governo) e ao questionamento do eleitorado à gestão do presidente Morales".

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Os votos válidos para eleger 56 juízes (entre titulares e suplentes) do Tribunal Supremo, do Conselho da Magistratura, do Tribunal Constitucional e do Tribunal Agroambiental ficaram entre 40% e 43%, informou o canal privado de televisão ATB, na falta de resultados oficiais, que podem demorar até 10 dias.

Segundo a boca de urna, houve 17% de votos em branco e de 40% a 43% nulos. Segundo o presidente do Tribunal Eleitoral boliviano (TE), Wilfredo Ovando, os votos brancos e nulos apenas são dados estatísticos e não influenciam o resultado final.

No entanto, a oposição fez campanha para anular o voto e considerou esses 40% a 43% uma importante mensagem contrária ao presidente Morales, um indígena de tendência esquerdista que fez campanha a favor desse processo eleitoral.

"A maioria do país pronunciou-se contrária a uma gestão caracterizada por soberba, autoritarismo, ineficiência, improvisação e corrupção", afirmou o líder de centro-esquerda Movimento Sem Medo, Juan del Granado, ex-aliado de Morales.

"O Movimento Sem Medo quer pedir ao presidente Evo Morales que escute essa maioria de bolivianos", disse o líder político, afirmando que nenhum candidato pode assumir o cargo de juiz porque sua eleição está "deslegitimada" pelos votos nulos e brancos.

Del Granado aparece como grande opositor do presidente Morales no cenário político boliviano.

O ex-candidato presidencial, rico empresário e líder da Unidade Nacional (centro-direita), Samuel Doria Medina, disse que "o presidente tem que escutar essa mensagem. A mensagem é, presidente, que ninguém é dono da Bolívia, não pode empossar autoridades quem não tem legitimidade".


Depois assegurou "que o país perdeu o medo do governismo", depois que Morales subiu à presidência em 2005 com 54% dos votos e se reelegeu em 2009 com 64% de apoio.

A oposição, desde a centro-esquerda até a direita, empreendeu uma campanha para que a população anulasse o voto, como protesto contra o processo de pré-seleção de candidatos a cargo do Congresso, controlado pelo governismo, e contra o próprio processo eleitoral, o qual qualificou como pouco transparente.

O presidente felicitou a população por sua participação em massa (o voto era obrigatório), admitiu a falta de informação no processo e evitou referir-se aos resultados.

"Parabéns por essa vontade democrática! Foi uma primeira experiência. Lamentavelmente faltou mais informação, mais socialização", mas, apesar disso, "a participação do povo boliviano foi um sucesso", disse o presidente.

Em uma breve mensagem à nação, Evo Morales evitou citar os resultados que não lhe foram favoráveis e preferiu insistir que com a participação do povo "vamos continuar melhorando a Justiça", como parte das mudanças estruturais impulsionadas por sua administração.

Ao lado do vice-presidente e do chanceler, Morales, sério, defendeu o processo de eleição das autoridades do Poder Judiciário, afirmando que "fracassaram aqueles que tentaram boicotá-la".

O sociólogo e ex-porta-voz do tribunal eleitoral Jorge Lazarte disse à AFP que "o voto nulo e branco pode ser interpretado como um sinal de rejeição à gestão do presidente Evo Morales, principalmente pelo 'gasolinaço' (aumento dos preços dos combustíveis em dezembro passado) e pelo tratamento dado aos indígenas", que protestam rumo a La Paz há dois meses contrários à construção de uma estrada.

O governante tentou subir o preço da gasolina em dezembro passado em 83%, mas logo anulou sua medida, após fortes protestos no país. Também tentou frear em vão uma marcha de indígenas há três semanas com repressão policial que deixou 70 feridos.

O analista Reymi Ferreira explicou que o resultado inusual se deve "ao desconhecimento da população (em relação aos candidatos), à rejeição ao método eleitoral (proposto pelo governo) e ao questionamento do eleitorado à gestão do presidente Morales".

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