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EI resiste na Síria a bombardeios da coalizão internacional

Em 2014, o porta-voz do Pentágono anunciou o começo dos ataques dos EUA junto com outros países aliados contra a organização terrorista no território sírio

Ataques aéreos dos Estados Unidos na Síria: combinação de ataques aéreos e ofensiva das forças curdas por terra fizeram com que o EI recuasse em áreas no norte de Aleppo, Al Raqqa e Al Hasaka (Aris Messinis/AFP)
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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2015 às 11h59.

Beirute - Os bombardeios da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos deram golpes importantes no grupo terrorista Estado Islâmico (EI) na Síria no último ano, embora o fim dos jihadistas ainda pareça distante, por se manterem fortes no terreno.

Na noite de 22 para 23 de setembro de 2014 o porta-voz do Pentágono, contra-almirante John Kirby, anunciou o começo dos ataques dos EUA junto com outros países aliados contra a organização terrorista no território sírio, empregando uma combinação de caças, bombardeiros e mísseis Tomahawk.

Seu primeiro alvo foi "a capital" do califado do EI na Síria, a cidade de Al Raqqa, no nordeste do país.

Para Abu Mohammed, ativista do grupo jihadista, "Al Raqqa está sendo massacrada em silêncio, os bombardeios foram úteis a princípio e também agora. No começo tiveram um grande impacto entre os seguidores do EI, mas recentemente tiveram como alvo alguns de seus emires mais importantes e influentes".

No entanto, "como campanha internacional não acredito que até o momento tenha alcançado resultados", disse à Agência Efe pela internet.

A campanha começou após a declaração dos jihadistas de um califado na Síria e no Iraque no final de junho do ano passado, ao que contribuiu para o alarme internacional as atrocidades cometidas pelo EI, como as decapitações de estrangeiros, entre eles americanos.

Segundo a última apuração de vítimas, divulgada em agosto pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos, 3.414 pessoas, entre elas 206 civis, morreram vítimas dos bombardeios da coalizão na Síria.

A combinação de ataques aéreos e ofensiva das forças curdas por terra fizeram com que o EI recuasse em áreas no norte de Aleppo, Al Raqqa e Al Hasaka nos últimos meses.

No entanto, o EI continuou a se expandir para o sul, onde tomou em maio a cidade monumental de Palmira, no deserto central sírio, e outras áreas.

"Os bombardeios ajudaram as forças curdas a avançar e permitiram infligir ao EI grandes derrotas nas zonas curdas", disse à Efe pela internet Ridor Khalil, porta-voz das milícias curdo-sírias, Unidades de Proteção do Povo.

Este comandante qualificou de "excelente e forte" a cooperação e a coordenação com a aliança internacional, realizada "diretamente" através de uma sala de operações conjunta, de onde são planejados os ataques.

"Esta parceria entre as forças curdas e a coalizão deveria continuar, e de fato deveria aumentar", considerou.

Mesmo assim, Khalil acredita que o EI continua a representar um perigo importante, porque controla uma área grande na Síria e no Iraque, assim como importantes recursos energéticos.

"Até agora não houve ninguém que tivesse uma visão para solucionar este problema e atualmente não há outra opção além da militar", lamentou.

Da mesma opinião é o especialista do centro de estudos Carnegie de Beirute, Yezid Sayigh, que acredita faltar aos EUA uma estratégia para eliminar o EI.

"Os Estados Unidos começaram os bombardeios porque tinham que mostrar que estavam fazendo algo; isto foi mais uma operação de relações públicas", criticou.

O aniversário do início dos ataques aéreos coincide com as conversas mantidas entre as autoridades americanas e russas sobre o desdobramento militar da Rússia, aliada do regime de Bashar al Assad, na Síria.

O Pentágono explicou que esse diálogo foi para transmitir à Rússia que "acabar com o Estado Islâmico e garantir uma transição política são objetivos que devem ser perseguidos ao mesmo tempo".

Sayigh descartou que estas conversas mudem alguma coisa, "não terão resultados imediatos (na luta contra o EI). Primeiro EUA e Rússia devem chegar a um acordo e estes contatos foram de baixo nível".

Abu Mohammed ressaltou que "mesmo que os ataques aéreos durassem dez anos com a mesma intensidade não derrotariam o 'EI'. A forma de vencê-lo é no terreno, ideologicamente e nos meios de comunicação, não só militarmente. O EI e organizações semelhantes são ideológicas, e isto não morre com as armas", concluiu.

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Beirute - Os bombardeios da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos deram golpes importantes no grupo terrorista Estado Islâmico (EI) na Síria no último ano, embora o fim dos jihadistas ainda pareça distante, por se manterem fortes no terreno.

Na noite de 22 para 23 de setembro de 2014 o porta-voz do Pentágono, contra-almirante John Kirby, anunciou o começo dos ataques dos EUA junto com outros países aliados contra a organização terrorista no território sírio, empregando uma combinação de caças, bombardeiros e mísseis Tomahawk.

Seu primeiro alvo foi "a capital" do califado do EI na Síria, a cidade de Al Raqqa, no nordeste do país.

Para Abu Mohammed, ativista do grupo jihadista, "Al Raqqa está sendo massacrada em silêncio, os bombardeios foram úteis a princípio e também agora. No começo tiveram um grande impacto entre os seguidores do EI, mas recentemente tiveram como alvo alguns de seus emires mais importantes e influentes".

No entanto, "como campanha internacional não acredito que até o momento tenha alcançado resultados", disse à Agência Efe pela internet.

A campanha começou após a declaração dos jihadistas de um califado na Síria e no Iraque no final de junho do ano passado, ao que contribuiu para o alarme internacional as atrocidades cometidas pelo EI, como as decapitações de estrangeiros, entre eles americanos.

Segundo a última apuração de vítimas, divulgada em agosto pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos, 3.414 pessoas, entre elas 206 civis, morreram vítimas dos bombardeios da coalizão na Síria.

A combinação de ataques aéreos e ofensiva das forças curdas por terra fizeram com que o EI recuasse em áreas no norte de Aleppo, Al Raqqa e Al Hasaka nos últimos meses.

No entanto, o EI continuou a se expandir para o sul, onde tomou em maio a cidade monumental de Palmira, no deserto central sírio, e outras áreas.

"Os bombardeios ajudaram as forças curdas a avançar e permitiram infligir ao EI grandes derrotas nas zonas curdas", disse à Efe pela internet Ridor Khalil, porta-voz das milícias curdo-sírias, Unidades de Proteção do Povo.

Este comandante qualificou de "excelente e forte" a cooperação e a coordenação com a aliança internacional, realizada "diretamente" através de uma sala de operações conjunta, de onde são planejados os ataques.

"Esta parceria entre as forças curdas e a coalizão deveria continuar, e de fato deveria aumentar", considerou.

Mesmo assim, Khalil acredita que o EI continua a representar um perigo importante, porque controla uma área grande na Síria e no Iraque, assim como importantes recursos energéticos.

"Até agora não houve ninguém que tivesse uma visão para solucionar este problema e atualmente não há outra opção além da militar", lamentou.

Da mesma opinião é o especialista do centro de estudos Carnegie de Beirute, Yezid Sayigh, que acredita faltar aos EUA uma estratégia para eliminar o EI.

"Os Estados Unidos começaram os bombardeios porque tinham que mostrar que estavam fazendo algo; isto foi mais uma operação de relações públicas", criticou.

O aniversário do início dos ataques aéreos coincide com as conversas mantidas entre as autoridades americanas e russas sobre o desdobramento militar da Rússia, aliada do regime de Bashar al Assad, na Síria.

O Pentágono explicou que esse diálogo foi para transmitir à Rússia que "acabar com o Estado Islâmico e garantir uma transição política são objetivos que devem ser perseguidos ao mesmo tempo".

Sayigh descartou que estas conversas mudem alguma coisa, "não terão resultados imediatos (na luta contra o EI). Primeiro EUA e Rússia devem chegar a um acordo e estes contatos foram de baixo nível".

Abu Mohammed ressaltou que "mesmo que os ataques aéreos durassem dez anos com a mesma intensidade não derrotariam o 'EI'. A forma de vencê-lo é no terreno, ideologicamente e nos meios de comunicação, não só militarmente. O EI e organizações semelhantes são ideológicas, e isto não morre com as armas", concluiu.

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