Draghi será mais agressivo que Trichet no BCE
Novo presidente do Banco Central Europeu vai adotar um estilo agressivo na crise no euro, o que já lhe rendeu a alcunha de "Super Mario" pelos analistas internacionais
Da Redação
Publicado em 4 de novembro de 2011 às 07h33.
São Paulo - Após surpreender o mercado com um corte de 0,25 ponto porcentual na taxa de juros na sua primeira reunião de política monetária à frente do Banco Central Europeu ( BCE ), o italiano Mario Draghi deverá dar uma guinada na gestão conservadora do seu antecessor Jean-Claude Trichet e adotar um estilo agressivo em lidar com a crise na zona do euro, o que já lhe rendeu a alcunha de "Super Mario" pelos analistas internacionais.
"Sua decisão de baixar os juros mostra que ele quer provar a todos que ele tem a personalidade e os requisitos necessários para ser o segundo presidente de banco central mais poderoso do mundo", disse à Agência Estado a diretora de câmbio da GFT Forex em Nova York, Kathy Lien. "Depois da decisão de hoje (ontem), Super Mario certamente será mais agressivo do que Trichet no combate à recessão".
O BCE não cortava juros há 18 meses. Aliás, os dois últimos movimentos na taxa de juros foram de alta, em janeiro e julho deste ano. Apesar de haver sinais de forte desaceleração econômica e até mesmo um risco crescente de recessão na zona do euro, refletidos nos indicadores antecedentes de atividade econômica, a inflação na região permanece ao redor de 3%, bem acima da meta inflacionária de 2% do BCE, o que tornava uma redução de juros neste mês ainda mais improvável aos olhos do mercado.
"Parece que Draghi, ao baixar os juros já na sua primeira reunião no comando do BCE, está pouco se importando com sua reputação e apenas em fazer o que é necessário", afirmou à Agência Estado o economista-sênior para zona do euro do banco ING, Carsten Brzeski. O BCE, segundo Brzeski, pegou o vírus da crise e agora vai agir para evitar uma recessão. "Draghi não quis esperar por uma piora na crise soberana e preferiu errar ao se antecipar do que esperar muito e ver o cenário pior se materializar".
Nos oito anos em que Trichet ficou à frente do BCE, a estabilidade nos preços marcou a gestão do francês, que priorizava entregar a inflação na meta à qualquer custo. Com outros bancos centrais agindo preventivamente para evitar uma recessão mais profunda da economia global, a exemplo dos inesperados cortes de juros por parte de BCs como os do Brasil, Israel e Turquia, Draghi parece querer juntar-se a essa onda de afrouxamento monetário para socorrer a economia do euro, sob o espectro do aprofundamento da crise da dívida soberana. Italiano de 63 anos e renomado economista que já trabalhou para grandes instituições financeiras, como o banco Goldman Sachs, Draghi ficará à frente do BCE até outubro de 2019.
"Essa decisão do Draghi mostra que ele vai lidar com os desafios da zona do euro de forma agressiva", disse à Agência Estado o analista da zona do euro do Danske Bank em Copenhague, Anders Lumholtz, para quem o BCE não iria baixar os juros hoje. "Por outro lado, esse corte de juros dá a impressão de que a crise do euro, em particular a situação na Grécia, está cada vez mais séria e que há o temor de uma escalada na crise."
São Paulo - Após surpreender o mercado com um corte de 0,25 ponto porcentual na taxa de juros na sua primeira reunião de política monetária à frente do Banco Central Europeu ( BCE ), o italiano Mario Draghi deverá dar uma guinada na gestão conservadora do seu antecessor Jean-Claude Trichet e adotar um estilo agressivo em lidar com a crise na zona do euro, o que já lhe rendeu a alcunha de "Super Mario" pelos analistas internacionais.
"Sua decisão de baixar os juros mostra que ele quer provar a todos que ele tem a personalidade e os requisitos necessários para ser o segundo presidente de banco central mais poderoso do mundo", disse à Agência Estado a diretora de câmbio da GFT Forex em Nova York, Kathy Lien. "Depois da decisão de hoje (ontem), Super Mario certamente será mais agressivo do que Trichet no combate à recessão".
O BCE não cortava juros há 18 meses. Aliás, os dois últimos movimentos na taxa de juros foram de alta, em janeiro e julho deste ano. Apesar de haver sinais de forte desaceleração econômica e até mesmo um risco crescente de recessão na zona do euro, refletidos nos indicadores antecedentes de atividade econômica, a inflação na região permanece ao redor de 3%, bem acima da meta inflacionária de 2% do BCE, o que tornava uma redução de juros neste mês ainda mais improvável aos olhos do mercado.
"Parece que Draghi, ao baixar os juros já na sua primeira reunião no comando do BCE, está pouco se importando com sua reputação e apenas em fazer o que é necessário", afirmou à Agência Estado o economista-sênior para zona do euro do banco ING, Carsten Brzeski. O BCE, segundo Brzeski, pegou o vírus da crise e agora vai agir para evitar uma recessão. "Draghi não quis esperar por uma piora na crise soberana e preferiu errar ao se antecipar do que esperar muito e ver o cenário pior se materializar".
Nos oito anos em que Trichet ficou à frente do BCE, a estabilidade nos preços marcou a gestão do francês, que priorizava entregar a inflação na meta à qualquer custo. Com outros bancos centrais agindo preventivamente para evitar uma recessão mais profunda da economia global, a exemplo dos inesperados cortes de juros por parte de BCs como os do Brasil, Israel e Turquia, Draghi parece querer juntar-se a essa onda de afrouxamento monetário para socorrer a economia do euro, sob o espectro do aprofundamento da crise da dívida soberana. Italiano de 63 anos e renomado economista que já trabalhou para grandes instituições financeiras, como o banco Goldman Sachs, Draghi ficará à frente do BCE até outubro de 2019.
"Essa decisão do Draghi mostra que ele vai lidar com os desafios da zona do euro de forma agressiva", disse à Agência Estado o analista da zona do euro do Danske Bank em Copenhague, Anders Lumholtz, para quem o BCE não iria baixar os juros hoje. "Por outro lado, esse corte de juros dá a impressão de que a crise do euro, em particular a situação na Grécia, está cada vez mais séria e que há o temor de uma escalada na crise."