Derrota eleitoral: governabilidade da Catalunha se complica
Para os especialistas, a coalizão liderada pelo presidente catalão Artur Mas pagou o preço político pelos cortes aplicados durante mais de um ano
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2012 às 14h45.
Barcelona - Apesar de ter lançado uma clara mensagem nas urnas no domingo em favor da separação da Espanha , o futuro político da Catalunha se anuncia complicado após a derrota dos nacionalistas conservadores da Convergência e União (CiU), forçados a buscar difíceis alianças com a esquerda.
Para os especialistas, a coalizão liderada pelo presidente catalão Artur Mas pagou o preço político pelos cortes aplicados durante mais de um ano e por não ter conseguido aproveitar o boom separatista impulsionado pela crise porque nunca, até então, havia defendido a separação da Espanha.
Ao prometer organizar um referendo sobre a autodeterminação na próxima legislatura, Mas convocou as primeiras eleições regionais antecipadas, com as quais esperava obter uma maioria absoluta de pelo menos 68 assentos, mas teve de se contentar com 50 e com a impossibilidade de governar sem alianças.
Os grandes beneficiados foram os pequenos partidos separatistas de esquerda, liderados pelo ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), cujo líder, Oriol Junqueras, defendeu o fim das políticas de austeridade entre as suas condições para um acordo.
"A questão não é se estamos dispostos a chegar a um acordo, mas sobre o que estamos dispostos a acordar", afirmou em uma coletiva de imprensa, sugerindo que prefere fazer um acordo como líder da oposição, e não como membro de um governo de coalizão.
Suas condições: redução de impostos para os mais pobres e aumento para setores como o bancário; ampliação dos investimentos públicos em áreas que podem levar ao crescimento e uma data para o referendo sobre a independência, algo que Mas prometeu durante a campanha.
Neste contexto difícil, "haverá uma crise de liderança na CiU", considerou Joaquin Molins, professor de Ciência Política da Universidade Autônoma de Barcelona.
E "em um processo tão complicado como o de separação, com uma liderança tão afetada, é praticamente impossível" avançar, acredita.
O próprio já alertou a seus seguidores que, embora mantenha o projeto de convocar um referendo, a possibilidade de obter o "Estado próprio", que tanto prometeu, se torna muito difícil depois da derrota eleitoral.
"A perspetiva não é que o referendo fique distante, mas que aumente a tensão territorial entre a Catalunha e o governo central" de Madri, considerou Ferran Requejo, professor de Ciência Política da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.
Após os resultados das eleições, María Dolores de Cospedal, número dois do Partido Popular (PP, direita) do presidente espanhol, Mariano Rajoy, descartou qualquer acordo com os nacionalistas catalães, em conflito com Madri por causa de um sistema fiscal que consideram injusto.
Além da dificuldade de governar a região em minoria, "não será confortável para Artur Mas o papel da CiU em Madri e o tratamento dispensado pelo governo e o PP no futuro", alertou nesta segunda-feira o jornal conservador catalão La Vanguardia.
Assim como a imprensa espanhola, a mídia catalã repercutiu de forma unânime o fracasso da aposta arriscada de Mas.
"Batacazo", era a manchete do El Periódico da Cataluña com uma grande fotografia do candidato da CiU, de cabeça para baixo, exibindo um sorriso que mal podia esconder seu desapontamento.
"O 'plano Mas' fracassa", insistiu este jornal que analisou em seu editorial "um amargo final da luta" separatista de um político considerado até recentemente um nacionalista moderado.
Exatamente a imagem de moderação de um candidato que nunca pronunciou a palavra "independência" é o que pode ter levado a maior parte do eleitorado a votar em formações separatistas de esquerda, acreditam os especialistas.
"O governo dependerá do ERC, agora segunda força" com 21 assentos, sentencia Rafael Jorba, analista político e colunista.
As outras possibilidade seriam uma aliança com os socialistas catalães do PSC (20 assentos), mas as duas formações estão em um espectro político e, sobretudo, econômico, oposto à CiU, alerta Molins.
Barcelona - Apesar de ter lançado uma clara mensagem nas urnas no domingo em favor da separação da Espanha , o futuro político da Catalunha se anuncia complicado após a derrota dos nacionalistas conservadores da Convergência e União (CiU), forçados a buscar difíceis alianças com a esquerda.
Para os especialistas, a coalizão liderada pelo presidente catalão Artur Mas pagou o preço político pelos cortes aplicados durante mais de um ano e por não ter conseguido aproveitar o boom separatista impulsionado pela crise porque nunca, até então, havia defendido a separação da Espanha.
Ao prometer organizar um referendo sobre a autodeterminação na próxima legislatura, Mas convocou as primeiras eleições regionais antecipadas, com as quais esperava obter uma maioria absoluta de pelo menos 68 assentos, mas teve de se contentar com 50 e com a impossibilidade de governar sem alianças.
Os grandes beneficiados foram os pequenos partidos separatistas de esquerda, liderados pelo ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), cujo líder, Oriol Junqueras, defendeu o fim das políticas de austeridade entre as suas condições para um acordo.
"A questão não é se estamos dispostos a chegar a um acordo, mas sobre o que estamos dispostos a acordar", afirmou em uma coletiva de imprensa, sugerindo que prefere fazer um acordo como líder da oposição, e não como membro de um governo de coalizão.
Suas condições: redução de impostos para os mais pobres e aumento para setores como o bancário; ampliação dos investimentos públicos em áreas que podem levar ao crescimento e uma data para o referendo sobre a independência, algo que Mas prometeu durante a campanha.
Neste contexto difícil, "haverá uma crise de liderança na CiU", considerou Joaquin Molins, professor de Ciência Política da Universidade Autônoma de Barcelona.
E "em um processo tão complicado como o de separação, com uma liderança tão afetada, é praticamente impossível" avançar, acredita.
O próprio já alertou a seus seguidores que, embora mantenha o projeto de convocar um referendo, a possibilidade de obter o "Estado próprio", que tanto prometeu, se torna muito difícil depois da derrota eleitoral.
"A perspetiva não é que o referendo fique distante, mas que aumente a tensão territorial entre a Catalunha e o governo central" de Madri, considerou Ferran Requejo, professor de Ciência Política da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.
Após os resultados das eleições, María Dolores de Cospedal, número dois do Partido Popular (PP, direita) do presidente espanhol, Mariano Rajoy, descartou qualquer acordo com os nacionalistas catalães, em conflito com Madri por causa de um sistema fiscal que consideram injusto.
Além da dificuldade de governar a região em minoria, "não será confortável para Artur Mas o papel da CiU em Madri e o tratamento dispensado pelo governo e o PP no futuro", alertou nesta segunda-feira o jornal conservador catalão La Vanguardia.
Assim como a imprensa espanhola, a mídia catalã repercutiu de forma unânime o fracasso da aposta arriscada de Mas.
"Batacazo", era a manchete do El Periódico da Cataluña com uma grande fotografia do candidato da CiU, de cabeça para baixo, exibindo um sorriso que mal podia esconder seu desapontamento.
"O 'plano Mas' fracassa", insistiu este jornal que analisou em seu editorial "um amargo final da luta" separatista de um político considerado até recentemente um nacionalista moderado.
Exatamente a imagem de moderação de um candidato que nunca pronunciou a palavra "independência" é o que pode ter levado a maior parte do eleitorado a votar em formações separatistas de esquerda, acreditam os especialistas.
"O governo dependerá do ERC, agora segunda força" com 21 assentos, sentencia Rafael Jorba, analista político e colunista.
As outras possibilidade seriam uma aliança com os socialistas catalães do PSC (20 assentos), mas as duas formações estão em um espectro político e, sobretudo, econômico, oposto à CiU, alerta Molins.