Mundo

Defensores uruguaios do livre uso da maconha estão otimistas

Organizações mostraram otimismo, mas estão cautelosas frente à votação sobre lei de legalização da produção e venda de cannabis no país


	Folha de Maconha: projeto de lei contempla legalização da compra e venda e o cultivo de até seis plantas de maconha, ao mesmo tempo em que cria um órgão público que irá regular todo o processo
 (AFP/David Mcnew)

Folha de Maconha: projeto de lei contempla legalização da compra e venda e o cultivo de até seis plantas de maconha, ao mesmo tempo em que cria um órgão público que irá regular todo o processo (AFP/David Mcnew)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2013 às 14h06.

Montevidéu - As organizações uruguais a favor do livre uso de maconha mostraram "otimismo", mas com certa "cautela", frente à histórica votação prevista para quarta-feira na Câmara dos Deputados, sobre uma lei de legalização da produção e venda de cannabis no país.

Martín Collazo, porta-voz da associação Proderechos, que é integrada por diferentes movimentos sociais, declarou à Agência Efe que há "muita expectativa", definiu o momento como "ponto de inflexão" e se mostrou confiante de que o projeto progredirá porque, caso contrário, "corre risco de não ser aprovado neste período parlamentar".

Há algumas semanas, o deputado Darío Pérez, do governista e esquerdista Frente Ampla (FA), partido impulsor do projeto, se mostrou contrário à iniciativa, o que colocava em risco a aprovação da lei já que o partido tem maioria na câmara por um deputado e a oposição anunciou que votaria contra.

Na FA dão por certo que Pérez acatará o projeto, mas o parlamentar decidiu não se pronunciar até a votação.

Apesar dessa ameaça, Collazo afirmou que se sente "otimista" porque a "informação é de que haverá votos suficientes para que a Lei seja aprovada".

O projeto de lei contempla a legalização da compra e venda e o cultivo de até seis plantas de maconha, ao mesmo tempo em que cria um órgão público que se encarregará de regular todo o processo, desde a importação à distribuição e venda, apesar de descartar que o Estado seja o encarregado direto da produção.

Os consumidores que desejem, poderão se registrar perante o organismo e comprar até 40 gramas mensais de maconha em farmácias especiais.


Se for aprovada amanhã pelos resultados, a iniciativa passará ao Senado, onde a Frente Ampla tem maioria suficiente para dar sinal verde definitivo à norma, por isso que antes do fim do ano poderia entrar em vigor.

Se for confirmada a aprovação, seria "um passo muito importante no processo que o Uruguai está realizando há um ano e meio em matéria de direitos, como a descriminalização do aborto e a aprovação do casamento homossexual", ressaltou Collazo.

"Achamos que seria um avanço muito significativo para o país e pode ser também para toda América Latina", manifestou.

Com relação às políticas de drogas, Collazo disse que o projeto é "ambicioso" e transformaria "totalmente a situação nacional em relação a comércio ilegal de maconha e aos problemas enfrentados pelo usuários que cultivam e frequentam pontos de distribuição".

Collazo comentou que para a jornada de amanhã está previsto um ato "festivo" de apoio à lei nas imediações do Parlamento uruguaio, convocado por distintas associações a favor da legalização da droga, como a Marcha da Maconha do Uruguai, o setor jovem da central operária uruguaia PIT-CNT e a Associação de Estudos da Cannabis do Uruguai (AECU).

No entanto, as enquetes mostram que a lei não conta com o apoio da popualção: segundo uma pesquisa divulgada na segunda-feira pela consultoria Cifra, 63% dos uruguaios são contra a medida.

"Hoje em dia a população não está convencida sobre o benefício de regularizar a maconha", admitiu Collazo, algo que, segundo ele, se explica pela "desinformação de uma porcentagem elevada dos cidadãos e dos medos razoáveis que este tipo de medida levanta".

Se a lei seguir adiante, o principal desafio do futuro será sua "regulamentação", algo "crucial" dada a "complexidade" do projeto legislativo.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCâmara dos DeputadosDrogasMaconhaPolítica no BrasilUruguai

Mais de Mundo

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua

Corte Constitucional de Moçambique confirma vitória do partido governista nas eleições

Terremoto de magnitude 6,1 sacode leste de Cuba

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional