Crise egípcia entra em nova fase após fracasso da mediação
Ambos os lados convocaram seus partidários para as ruas, e em dois acampamentos os seguidores de Mursi reforçavam suas barricadas contra ameaças do governo
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2013 às 18h54.
Cairo - A crise política no Egito entrou em uma tensa nova fase nesta quarta-feira, após o colapso dos esforços internacionais de mediação e a reiterada ameaça do governo provisório de dissolver à força os protestos contra a derrubada do presidente Mohamed Mursi por militares.
Os dois lados convocaram seus partidários para as ruas na quinta-feira, e em dois acampamentos no Cairo os seguidores de Mursi reforçavam suas barricadas de tijolos e sacos de areia, prevenindo-se contra uma eventual ofensiva policial.
O enviado dos Estados Unidos voltou para seu país após vários dias tentando um acordo entre o governo e a Irmandade Muçulmana, grupo ligado ao presidente deposto. A representante da União Europeia permaneceu, mas o bloco se disse muito preocupado com o rompimento das negociações.
"O que eu vejo é que o confronto está se intensificando, e que mais pessoas vão comparecer às ruas para protestar, e que a tendência das Forças Armadas a reprimir irá se intensificar", disse o ministro holandês de Relações Exteriores, Frans Timmermans, um dos vários enviados estrangeiros que estiveram no Cairo durante a crise.
Ele disse que "há a necessidade de se preocupar com os próximos dias e semanas".
O Exército depôs Mursi, primeiro presidente eleito livremente na história egípcia, em 3 de julho, após imensas manifestações populares contra o governo dele.
Mursi e outros líderes da Irmandade estão presos, e milhares de seguidores do grupo se mantêm acampados exigindo a reinstalação do mandato dele.
Quase 300 pessoas já morreram na violência política desde a derrubada de Mursi, incluindo 80 apoiadores dele abatidos pelas forças de segurança em um só incidente em 27 de julho.
Em nota nesta quarta-feira, a Presidência egípcia disse que os esforços diplomáticos de Estados Unidos, UE, Catar e Emirados Árabes fracassaram e que a Irmandade Muçulmana é responsável pelo fracasso desses esforços e "pelos fatos posteriores que possam resultar desse fracasso, relacionados a violações da lei e de ameaças à paz civil".
Logo depois, o primeiro-ministro interino, Hazem el-Beblawi, disse que a decisão governamental de dissolver o protesto pró-Mursi é irreversível e que a paciência das autoridades está se esgotando.
Beblawi acusou os manifestantes de incitarem à violência, bloquearem vias e deterem cidadãos e alertou que novos incidentes de violência serão respondidos com "a máxima força e decisão".
Observadores dizem, no entanto, que qualquer ação policial para dissolver os protestos provavelmente ficará para depois de domingo, quando termina o mês islâmico sagrado do Ramadã.
Salientando a preocupação com a situação, a principal autoridade religiosa do Egito, a universidade e mesquita al-Azhar, planeja promover um diálogo sobre a crise na semana que vem, reunindo pessoas que já propuseram soluções para superar o impasse, segundo relato da agência estatal de notícias Mena.
"Há algumas iniciativas que podem ser aperfeiçoadas para iniciar a reconciliação nacional", disse à Mena um funcionário da milenar instituição.
Cairo - A crise política no Egito entrou em uma tensa nova fase nesta quarta-feira, após o colapso dos esforços internacionais de mediação e a reiterada ameaça do governo provisório de dissolver à força os protestos contra a derrubada do presidente Mohamed Mursi por militares.
Os dois lados convocaram seus partidários para as ruas na quinta-feira, e em dois acampamentos no Cairo os seguidores de Mursi reforçavam suas barricadas de tijolos e sacos de areia, prevenindo-se contra uma eventual ofensiva policial.
O enviado dos Estados Unidos voltou para seu país após vários dias tentando um acordo entre o governo e a Irmandade Muçulmana, grupo ligado ao presidente deposto. A representante da União Europeia permaneceu, mas o bloco se disse muito preocupado com o rompimento das negociações.
"O que eu vejo é que o confronto está se intensificando, e que mais pessoas vão comparecer às ruas para protestar, e que a tendência das Forças Armadas a reprimir irá se intensificar", disse o ministro holandês de Relações Exteriores, Frans Timmermans, um dos vários enviados estrangeiros que estiveram no Cairo durante a crise.
Ele disse que "há a necessidade de se preocupar com os próximos dias e semanas".
O Exército depôs Mursi, primeiro presidente eleito livremente na história egípcia, em 3 de julho, após imensas manifestações populares contra o governo dele.
Mursi e outros líderes da Irmandade estão presos, e milhares de seguidores do grupo se mantêm acampados exigindo a reinstalação do mandato dele.
Quase 300 pessoas já morreram na violência política desde a derrubada de Mursi, incluindo 80 apoiadores dele abatidos pelas forças de segurança em um só incidente em 27 de julho.
Em nota nesta quarta-feira, a Presidência egípcia disse que os esforços diplomáticos de Estados Unidos, UE, Catar e Emirados Árabes fracassaram e que a Irmandade Muçulmana é responsável pelo fracasso desses esforços e "pelos fatos posteriores que possam resultar desse fracasso, relacionados a violações da lei e de ameaças à paz civil".
Logo depois, o primeiro-ministro interino, Hazem el-Beblawi, disse que a decisão governamental de dissolver o protesto pró-Mursi é irreversível e que a paciência das autoridades está se esgotando.
Beblawi acusou os manifestantes de incitarem à violência, bloquearem vias e deterem cidadãos e alertou que novos incidentes de violência serão respondidos com "a máxima força e decisão".
Observadores dizem, no entanto, que qualquer ação policial para dissolver os protestos provavelmente ficará para depois de domingo, quando termina o mês islâmico sagrado do Ramadã.
Salientando a preocupação com a situação, a principal autoridade religiosa do Egito, a universidade e mesquita al-Azhar, planeja promover um diálogo sobre a crise na semana que vem, reunindo pessoas que já propuseram soluções para superar o impasse, segundo relato da agência estatal de notícias Mena.
"Há algumas iniciativas que podem ser aperfeiçoadas para iniciar a reconciliação nacional", disse à Mena um funcionário da milenar instituição.