Conheça os compromissos climáticos dos grandes países poluentes
A primeira série de Contribuições Nacionalmente Determinadas apresentadas pelos países aproximava o planeta de um aumento de temperatura de 3 ºC a +4 ºC
AFP
Publicado em 20 de abril de 2021 às 08h17.
Última atualização em 20 de abril de 2021 às 08h18.
As metas nacionais de redução das emissões de gases do efeito estufa não estão à altura da emergência climática, principalmente as dos países que mais poluem, adverte a ONU, seis anos após o Acordo de Paris, cujo objetivo é manter o aquecimento global abaixo de +2 ºC, até mesmo a +1,5 ºC, em relação à era pré-industrial.
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A primeira série de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) apresentadas pelos países aproximava o planeta de um aumento de temperatura de 3 ºC a +4 ºC. Os Estados deveriam ter anunciado seus novos compromissos no fim de 2020, porém mais da metade não o fez, à espera da COP26 sobre o clima, que será realizada em novembro, no Reino Unido.
China
Em sua primeira NDC, de 2016, a China, responsável por mais de 25% das emissões mundiais, comprometeu-se a reduzir as emissões de CO2 em relação ao PIB entre 60% e 65% até 2030 e alcançar seu pico por volta dessa data. O país se encontra a caminho de bater essa meta e o presidente Xi Jinping anunciou em setembro passado um novo objetivo: a neutralidade de carbono até 2060.
Pequim, no entanto, ainda não apresentou detalhes sobre seu plano, nem inscreveu sua NDC revisada. O grupo Climate Action Tracker (CAT) considera os compromissos chineses "bastante insuficientes".
Estados Unidos
Segundo maior emissor mundial, os Estados Unidos se comprometeram sob a presidência de Barack Obama a reduzir suas emissões entre 26% e 28% até 2025 em relação a 2005. Com a chegada de Joe Biden à Casa Branca, o país fixou o objetivo de neutralidade de carbono até 2050.
Está previsto que Biden anuncie sua NDC revisada durante a reunião de cúpula internacional sobre o clima, prevista para quinta e sexta-feira.
União Europeia
A UE se comprometeu em 2015 a reduzir suas emissões de CO2 em ao menos 40% até 2030 em relação a 1990. O objetivo foi aumentado em dezembro passado para "pelo menos 55%" até 2030. Segundo o CAT, no entanto, ele permanece incompatível com as metas de Paris.
Fora da UE, o Reino Unido inscreveu a neutralidade de carbono em sua lei e prevê reduzir suas emissões em 68% até 2030 em relação a 1990.
Índia
Como no caso da China, o compromisso inicial da Índia se baseia em uma redução da intensidade de carbono: entre 33% e 35% até 2030 em relação a 2005, uma trajetória "compatível" com um mundo a +2 ºC, segundo o CAT. O país ainda não anunciou, no entanto, uma nova NDC.
Rússia
A Rússia, que aderiu formalmente ao Acordo de Paris em 2019, formulou sua primeira contribuição nacional há duas semanas. Ela retoma o compromisso anterior, de reduzir em 30% suas emissões em relação a 1990, uma meta classificada como "consideravelmente insuficiente" pelo CAT.
Japão
O Japão se comprometeu em 2016 a reduzir suas emissões em 26% até 2030 em relação a 2013. Sua nova NDC, submetida em março de 2020, não alterou essa cifra, mas o premier Yoshihide Suga anunciou o objetivo de neutralidade de carbono em 2050 e o governo afirmou que irá apresentar uma "revisão ambiciosa" de sua NDC.
Sobre os demais
Entre os outros grandes países emissores, Brasil, México, Austrália e Coreia do Sul apresentaram - sem anunciá-las publicamente - suas NDC revisadas, mas sem reforçar seus objetivos, segundo especialistas. O CAT considera, inclusive, que as metas de Brasil e México retrocederam.
O Canadá anunciou nesta segunda uma nova meta de redução de emissões de carbono de 36% até 2030 com relação aos níveis de 2005.
Indonésia, Arábia Saudita e África do Sul não depositaram novos compromissos.
Cerca de 80 países, que representam menos de 30% das emissões mundiais, apresentaram suas NDC revisadas. Segundo a ONU, seu impacto conjunto representaria menos de 1% de redução das emissões até 2030 em relação a 2010, muito longe dos 45% necessários estimados pelos cientistas.
Neutralidade de carbono
A longo prazo, o Acordo de Paris cita um objetivo de equilíbrio entre as emissões e a absorção dos gases do efeito estufa "no transcurso da segunda metade do século". Por isso, cada vez mais países anunciam datas mais precisas e próximas para a neutralidade de carbono, a maioria para 2050. Para alcançá-la, no entanto, são necessários, a curto prazo, "planos coerentes e confiáveis para reduzir as emissões de CO2 em 45% até 2030", segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres.