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Como seria uma solução de dois Estados entre Palestina e Israel

Veja algumas respostas para compreender o princípio, defendido pela ONU e questionado pelo Governo Trump

Palestinos: os dois Estados como solução ao conflito conta com cada vez menos apoio (REUTERS)

Palestinos: os dois Estados como solução ao conflito conta com cada vez menos apoio (REUTERS)

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AFP

Publicado em 15 de fevereiro de 2017 às 14h56.

A criação de um Estado palestino que coexista em paz com Israel é a solução de referência internacional para um dos conflitos mais antigos do mundo.

O que é a solução de dois Estados? Qual é a alternativa? Veja algumas respostas para compreender este princípio, que a administração do presidente Donald Trump parece questionar.

Dois Estados

A chamada solução de "dois Estados", um israelense e um palestino, coexistindo em paz, significa a criação de um Estado palestino com base nas fronteiras estabelecidas antes do conflito israelense-palestino de 1967, a Linha Verde, que delimita a Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental, que os palestinos reivindicam como sua capital.

Em 1988, o falecido líder palestino Yasser Arafat apresentou uma declaração de independência que, pela primeira vez, evocava "dois Estados para dois povos".

Arafat, em seguida, reconheceu o Estado de Israel e sua soberania sobre 78% da Palestina histórica.

Este reconhecimento é aceito pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que reúne todos os movimentos palestinos, exceto os islâmico Hamas e a Jihad Islâmica em Gaza.

O Hamas, que não reconhece Israel, opõe-se à solução de dois Estados e reivindica um Estado palestino em toda a Palestina histórica.

Desde 1947, os dois Estados estão presentes no Plano das Nações Unidas para a Partilha da Palestina, enquanto Jerusalém é uma terceira entidade sob controle internacional.

Os Acordos de Oslo previam que um Estado substituísse a Autoridade Palestina em 1993. Isso não foi concretizado e em 2003 o Quarteto para o Oriente Médio planejou a criação do Estado Palestino em 2005.

Quem é a favor e quem é contra?

Para o líder palestino Hanane Ashraui, há um "consenso global" baseado na solução de dois Estados para alcançar a paz.

A ONU, que outorgou ao Estado palestino o status de Estado observador, defende esta opção, que é também o princípio fundamental da solução recomendada pela União Europeia.

No final de dezembro de 2016, o ex-secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que esta era "a única maneira possível" para a paz.

A iniciativa de paz árabe de 2002, que propõe a criação de um Estado palestino em troca do reconhecimento de Israel pelos países árabes, também é baseada nesta solução.

Em 2009, depois de mais um fracasso das negociações de paz, Benjamin Netanyahu pronunciou seu discurso de Bar Ilan, no qual assumia pela primeira vez publicamente, em 14 de junho de 2009, a ideia de um Estado palestino coexistindo com Israel.

Seis anos mais tarde, durante a campanha eleitoral, afirmou que "a realidade mudou".

Atualmente, líder de um governo de coalizão dominado por ultra-nacionalistas e partidários da colonização sem restrição, é pressionado pela ala mais à direita de seu governo, que defende a anexação da Cisjordânia.

Além disso, Netanyahu condiciona a criação de um Estado palestino ao reconhecimento palestino de Israel como um Estado "judeu", algo que o presidente palestino se recusa.

Quais as alternativas

Segundo pesquisas recentes, os dois Estados como solução ao conflito conta com cada vez menos apoio por parte dos palestinos e israelenses.

No final de setembro, 50% dos palestinos eram contra, assim como 41% dos israelenses.

Alguns, em sua maioria em Israel, defendem um só Estado, binacional, onde palestinos e israelenses teriam direitos iguais.

Esta opção deixa em suspense a questão demográfica e a opção de eleger um presidente de uma ou outra comunidade em um momento em que muitas vozes defendem o caráter judaico do Estado de Israel.

Israel tem atualmente 17,5% de árabes israelenses, descendentes de palestinos que permaneceram no seu território durante a criação de Israel, que afirmam ser tratados como cidadãos de segunda classe.

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