Como produzir mais com menos
A ArcelorMittal investe 270 milhões de reais em programas de gestão ambiental e reduz o uso de insumos não renováveis na produção de aço
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h26.
Na ArcelorMittal Brasil, braço brasileiro do maior grupo siderúrgico do mundo, a palavra de ordem é produzir mais gastando menos recursos. Em 2006, seu primeiro ano completo de atividade -- a empresa foi formada em dezembro de 2005, da integração entre a Belgo, a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e a Vega do Sul --, a ArcelorMittal produziu 10,1 milhões de toneladas de aço bruto, 7% mais do que no ano anterior, e obteve uma receita líquida de 14,1 bilhões de reais, crescimento de 5% em relação a 2005. Apesar da forte expansão, graças a investimentos de cerca de 270 milhões de reais em programas de gestão ambiental, a companhia diminuiu o consumo de insumos como água e energia. Além disso, conseguiu reduzir a emissão de gases tóxicos na atmosfera. "Mostramos que é possível, sim, compatibilizar o discurso ecologicamente correto com a prática responsável e sustentável", diz José Armando de Figueiredo Campos, presidente da empresa.
Um dos resultados mais expressivos da ArcelorMittal na área ambiental é o reaproveitamento de 98% dos resíduos industriais -- índice muito acima da média do setor siderúrgico, que está em torno de 80%. Durante o processo de produção de aço, a ArcelorMittal gera cerca de 3,7 milhões de toneladas de resíduos (como lama, poeira e escória), que são reciclados e usados como matéria-prima em várias aplicações industriais: desde a fabricação de cimento até produtos para a correção de acidez do solo para a agricultura. A venda desses produtos gera receita anual de cerca de 80 milhões de dólares.
O mesmo empenho pode ser observado na gestão de recursos hídricos. O índice médio de recirculação de água é de 97%. Ou seja, quase toda a água utilizada nas usinas é tratada e reutilizada, garantindo a ecoeficiência do processo. Além disso, o volume de água utilizado pelas usinas vem diminuindo. "Em 1998, nossas usinas gastavam em média 4,5 metros cúbicos por hora para produzir 1 tonelada de aço. No ano passado, o consumo estava em 3,7 metros cúbicos", diz Campos. A companhia também tem projetos importantes de redução da emissão de gases causadores do efeito estufa. No ano passado, a CST, uma de suas controladas, tornou-se a primeira siderúrgica do mundo a obter o registro da ONU para a comercialização de créditos de carbono. A CST desenvolve um programa de geração de energia elétrica com o aproveitamento do gás LDG, resultado do processo de produção do aço. Ao longo de dez anos, esse processo evitará a emissão de 500 000 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Outra iniciativa nessa área é o uso de barcaças para o transporte de maquinários entre as cidades de Vitória, no Espírito Santo, e São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Apenas quatro barcaças transportam carga equivalente à de 290 caminhões. Em dez anos, a redução das emissões de dióxido de carbono pode chegar a 3,9 milhões de toneladas.
Educação para todos
Além de adotar processos que visam à redução de danos ao meio ambiente, outra frente de atuação da ArcelorMittal são os projetos socioeducacionais, voltados tanto para o público interno quanto para o externo. Esses programas receberam investimento de 28 milhões de reais e beneficiaram mais de 1,5 milhão de pessoas em 2006. Entre as principais iniciativas estão o Programa de Sustentabilidade e Responsabilidade Empresarial (SRE), desenvolvido pela Belgo, que incentiva a adoção de práticas responsáveis entre os fornecedores. Para o presidente da ArcelorMittal, transmitir o conceito de sustentabilidade -- não apenas para os empregados, mas para todas as partes interessadas -- é uma missão importante para qualquer empresa. "Manter um discurso na mídia e uma prática diferente na gestão é um malabarismo impossível", afirma Campos. "E é cada vez menor o espaço no mercado para empresas que ignoram essa nova realidade."
Avaliação da empresa |
Pontos fortes - Tem programas estruturados para redução do uso de insumos não renováveis. - Estende sua política de gestão sustentável aos parceiros, exigindo das empresas contratadas o cumprimento dos padrões internos e o mesmo comprometimento com as causas do meio ambiente, da segurança e da saúde ocupacional. - Realiza auditorias nas prestadoras de serviços para verificar aspectos contábeis, trabalhistas, tributários, previdenciários e de satisfação dos empregados. |
Pontos fracos - Não possui um comitê de sustentabilidade ou de responsabilidade social formalmente estabelecido. - Seu relatório de sustentabilidade não é auditado por uma empresa ou instituição independente. - Não tem conselho consultivo instalado. |