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China quer vincular tarifas de energia à variação de custos

Para analista ouvido por The Wall Street Journal, o resultado será uma disseminação inflacionária

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.

O governo chinês está trabalhando para viabilizar as geradoras de energia sem pressionar a inflação. No Brasil, uma discussão semelhante perdura há alguns anos (leia reportagem do Portal EXAME sobre as dificuldades para consolidar um parâmetro adequado de reajuste das tarifas).

As autoridades estão finalizando um pacote que vincula formalmente as tarifas de eletricidade aos preços do carvão. As medidas devem entrar em vigor até o final do ano, mas ainda não obtiveram consenso no interior do próprio governo (leia reportagem de EXAME sobre o modelo do setor elétrico formulado pelo governo brasileiro). As mudanças permitem que os produtores usufruam de reajustes tarifários em resposta à crescente demanda por energia e ao avanço firme do preço do carvão, responsável por 70% dos custos das geradoras. Na maior geradora chinesa, o custo com combustível aumentou 32% nos primeiros nove meses de 2004, ante 2,3% em mesmo período do ano passado.

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O jornal americano The Wall Street Journal teve acesso a um documento prévio do governo, confidencial, que esboça mecanismos pelos quais os produtores de energia poderiam repassar parte de seus custos. Em um dos cenários em análise, técnicos do governo iriam reavaliar os custos do carvão duas vezes ao ano. Se o preço do insumo aumentar ou cair 5% ou mais, as geradoras repassarão 70% de suas perdas ou ganhos para as distribuidoras.

A reportagem nota que as geradoras são ineficientes e endividadas e não conseguem dar conta do "vasto apetite" do país por energia, com demanda massiva para a fabricação de aço e automóveis, por exemplo. Além das deficiências próprias, sofrem com os altos custos do carvão e do transporte do insumo por ferrovia, hidrovia ou cabotagem (leia reportagem de EXAME sobre o gargalo dos transportes no Brasil). Já a rede de distribuição ultrapassada impede que nos casos raros em que há sobra de energia, seja possível compartilhá-la. Para lidar com o problema, a burocracia chinesa recorre ao tradicional expediente do controle de preços - tanto limitando reajustes das tarifas de eletricidade quanto tabelando o preço do carvão. O resultado é que as carvoarias têm redirecionado a produção para exportação.

Segundo analistas ouvidos pelo jornal, o desafio do governo chinês agora é equilibrar duas políticas: de controle da inflação, atualmente em 5% ao ano, e de eliminação do gargalo no fornecimento de energia ( The Wall Street Journal lembra que racionamentos e até apagões têm sido freqüentes no país). Para Dong Tao, economista-chefe do Credit Suisse First Boston em Hong Kong, Pequim não vai conseguir esse equilíbrio. Para ele, o pacote vai disparar a inflação, por conta de uma pressão de custos que será disseminada para todos os setores da economia.

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