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China deve evitar desequilíbrio econômico global por interesse próprio

Mas, para afastar-se dos efeitos em cascata de desequilíbrios cujos pivôs são o gigante asiático e os Estados Unidos, a melhor estratégia para o Brasil seria a atração de investimento direto. "Você pode fazer um esforço comercial muito grande, mas de repe

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.

A pressão para que a China permita aflutuação cambial, e portanto a valorização de sua moeda frente ao dólar, faz parte de um esforço mais amplo para que o país se torne realmente uma economia de mercado e deve surtir efeito porque é do interesse chinês. "A China, se quiser, desequilibra o resto do mundo, mas não faria isso porque no momento seguinte enterra a si mesma", diz José Antonio Olmos, professor de Economias Centrais do MBA da Brazilian Business School. O país tem todo interesse em ser reconhecido como economia de mercado e em que seus grandes parceiros estejam saudáveis.

Para tanto, os chineses vão precisar ceder e ajudar seu principal parceiro, os Estados Unidos, a superar um grave resfriado. A economia americana vem colecionando mensalmenteimensos déficitscomerciais, com destaque para os causados pela China. Mais importante que o rombo nas contas, porém, é a forma como ele vem sendo financiado, diz Olmos, também diretor associado da Faculdade de Administração e Comércio Exterior da PUC de Campinas.

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Para fechar as contas, os Estados Unidos recorrem à venda de títulos, tanto mais atraentes quanto maiores forem os juros e a percepção de risco (afinal, a economia americana continua sendo a mais sólida do mundo, e portanto atua como porto seguro em fases turbulentas). Hoje o principal credor desses títulos é o Japão, com um estoque de cerca de 500 bilhões de dólares. A China volta à cena como a segunda maior credora, detendo 250 bilhões da dívida americana. Ou seja, o futuro econômico da China e dos Estados Unidos está umbilicalmente ligado.

O problema para o Brasil é que esse fluxo pesado de capitais para a compra de papéis americanos leva à desvalorização do dólar em escala global uma desvalorização estrutural. É o pesadelo do exportador brasileiro. "Você pode fazer um esforço comercial muito grande, como o governo brasileiro vem fazendo, mas de repente uma penada do Federal Reserve [o banco central americano] subindo ou baixando os juros vem bater aqui", diz Olmos. O economista nota que o capital internacional movimenta em operações diárias cerca de 400 bilhões de dólares, ou 25 vezes o valor do comércio mundial diário.

Por enquanto, a conjuntura internacional ainda dá margem aos exportadores brasileiros para driblar o câmbio, reajustando os preços em dólar. "Com exceção dos setores têxtil e calçadista, as indústrias estão conseguindo recuperar perdas corrigindo suas tabelas no mercado externo." Porém, a estratégia mais prudente seria adotar uma política de atração de investimentos diretos, que além de fomentar ainda mais a base exportadora brasileira, afastariam o Brasil dos efeitos em cascata de um jogo de pesos-pesados.

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