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Remy Sharp
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Com apoio do Brasil, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou nesta quinta-feira, 23, uma resolução que pede a retirada das tropas russas da Ucrânia. A votação ocorreu na véspera de a guerra completar seu primeiro ano.

A resolução foi aprovada com 141 votos a favor e 32 abstenções. A posição do Brasil se diferenciou de outros países do chamado "Sul Global", como China, Índia e África do Sul, que se abstiveram. Seis países votaram contra, incluindo Belarus, Síria e Coreia do Norte, aliados russos.

Em um dos trechos mais importantes, o texto apoiado pelo Brasil afirma que a Assembleia não reconhecerá anexações russas obtidas com o uso da força militar inicialmente, como é o caso da Crimeia, que a Rússia alega ser parte de seu território desde 2014. A Rússia classificou o texto como "desequilibrado".

O representante da China, que se absteve, disse que "os conflitos e as guerras não têm vencedores". A China tem sido um dos parceiros econômicos mais importantes da Rússia, mas defende que tem posição neutra no conflito e tem discutido a apresentação de uma "solução política" a Rússia e Ucrânia.

"Independentemente do quão difícil seja a porta para uma solução política, ela não pode ser fechada", disse o embaixador adjunto chinês na ONU, Dai Bing.

Rússia diz que estudará proposta de Lula por mediação

Mais cedo nesta quinta-feira, 23, antes de a votação na ONU ser finalizada, o governo russo chegou a mencionar a proposta do presidente brasileiro Lula de criar um “clube da paz” para negociar, com apoio de países que não estejam envolvidos diretamente na guerra. 

O governo da Rússia prometeu analisar a proposta. "Ficamos sabendo das declarações do presidente brasileiro sobre uma possível mediação política para impedir a escalada do conflito na Ucrânia. Estamos analisando essa iniciativa, mas claro, levando em conta a situação no terreno", disse à agência estatal Tass, o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Galuzin.

O vice-chanceler também elogiou a decisão do governo brasileiro de não enviar munições à Ucrânia. "Queria enfatizar que a Rússia valoriza a posição equilibrada do Brasil [na guerra] e sua recusa a fornecer armas e munição ao regime de Kiev", disse Galuzin. "Ao mesmo tempo, sabemos que a Casa Branca está pressionando o Brasil. Uma posição soberana como essa merece respeito."

Qual é a posição histórica do Brasil na Ucrânia

Em algumas declarações, Lula chegou a dizer que a guerra era culpa de ambos os governos de Rússia e Ucrânia (em uma das frases mais citadas, disse que "quando um não quer, dois não brigam"). Mas, como em boa parte das guerras anteriores, o Itamaraty têm um posicionamento visto como neutro na comunidade internacional: defende a autodeterminação dos povos, mas pede uma busca diplomática pela paz e se nega terminantemente a um alinhamento militar, como enviar armas à guerra.

A posição nesta quinta-feira na ONU vai em linha com nota oficial divulgada após a viagem do presidente Lula aos EUA para encontro com o americano Joe Biden, no último dia 10 de fevereiro.

O comunicado final do encontro, acordado por ambos os países, lamentou a “violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes de seu território” — ações que o governo brasileiro concordou em chamar no texto de “violações flagrantes do direito internacional”.

Lula e Biden se encontram nos EUA: em reunião, ambos lançaram nota conjunta condenando o ataque russo à Ucrânia (Jonathan Ernst/Getty Images)

Antes da viagem, havia dúvidas sobre o quanto a Ucrânia apareceria na reunião entre Lula e Biden, diante da posição de neutralidade do Itamaraty sobre o tema e, em contrapartida, pelo envolvimento mais direto dos EUA no fornecimento de armas à Ucrânia.

Na ONU, o Brasil seguiu a posição de neutralidade do Itamaraty historicamente. Em fevereiro de 2022, logo após o início do conflito e ainda no governo do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil já havia votado no Conselho de Segurança da ONU pedindo um cessar-fogo e condenando a invasão. O Conselho é um órgão mais restrito que a Assembleia Geral, que inclui os 193 países-membros.

"Renovamos nosso apelo pela cessação total das hostilidades, pela retirada das tropas e pela retomada imediata do diálogo diplomático", disse o embaixador Ronaldo Costa Filho na ocasião. Na época, essa resolução foi vetada pela Rússia, que tem poder de veto no Conselho de Segurança por ser um dos membros permanentes.

Depois, já na Assembleia Geral, em novembro, o Brasil se absteve de votação um pouco mais dura, que afirmava que a Rússia era culpada pela guerra e que deveria "arcar com as consequências legais de todos os seus atos internacionalmente ilícitos, incluindo a reparação da lesão e qualquer dano causado por tais atos”. A resolução não foi apoiada pela maioria dos membros, tendo recebido voto favorável de 94 dos 193 membros da Assembleia.

(Com informações de AFP e Estadão Conteúdo)

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